A Factura pesada
(imagem recolhida na internet)
Armando Esteves Pereira Director-Adjunto do “CORREIO DA MANHÔ, escreveu, a 30 de Setembro , em artigo de opinião:
«Todos os portugueses vão pagar caro o plano de austeridade ontem anunciado por José Sócrates. É o terceiro aperto de cinto anunciado este ano por um Governo que em 2009 apostou num Orçamento eleitoralista, com aumento generoso na Função Pública e um plano irrealista de investimentos públicos. Os servidores do Estado pagam agora com juros esse bónus. Sócrates desculpou-se com o álibi da crise. Mas se Portugal é alvo da desconfiança dos mercados, a culpa é do aumento da despesa de um Estado que continua a engordar sem melhorar os serviços e que mantém empresas públicas endividadas onde se colocam os afilhados do poder político com principescas regalias.
A subida do IVA vai provocar uma pressão nos preços num país com menos poder de compra. É um aumento cego e injusto. Este ano, o Governo tapa o défice com um truque com o fundo de pensões da PT. Em termos contabilísticos, a receita de agora será uma despesa no futuro. Mas as contas maquilhadas com os milhões da PT dão para cumprir a meta de 7,3%, com folga.»
Infelizmente para todos nós, tudo isto é verdade. Mas, infelizmente também, isto não é tudo. Há muito mais.
«Todos os portugueses vão pagar caro o plano de austeridade ontem anunciado por José Sócrates. É o terceiro aperto de cinto anunciado este ano por um Governo que em 2009 apostou num Orçamento eleitoralista, com aumento generoso na Função Pública e um plano irrealista de investimentos públicos. Os servidores do Estado pagam agora com juros esse bónus. Sócrates desculpou-se com o álibi da crise. Mas se Portugal é alvo da desconfiança dos mercados, a culpa é do aumento da despesa de um Estado que continua a engordar sem melhorar os serviços e que mantém empresas públicas endividadas onde se colocam os afilhados do poder político com principescas regalias.
A subida do IVA vai provocar uma pressão nos preços num país com menos poder de compra. É um aumento cego e injusto. Este ano, o Governo tapa o défice com um truque com o fundo de pensões da PT. Em termos contabilísticos, a receita de agora será uma despesa no futuro. Mas as contas maquilhadas com os milhões da PT dão para cumprir a meta de 7,3%, com folga.»
Infelizmente para todos nós, tudo isto é verdade. Mas, infelizmente também, isto não é tudo. Há muito mais.
É que a par das provas do desgoverno, que estas medidas demonstram, da manifesta confissão de incompetência e desmando, que nem o arengar do sr. Sócrates consegue já mascarar, da evidente situação desastrosa para onde o desbragado esbanjamento dos recursos públicos, levado a cabo pelos políticos, nos arrastou, vão somar-se as consequências das propostas agora enunciadas, se vierem a concretizar-se.
Nunca o agravamento da carga fiscal foi remédio para a incompetência. Mas, como é óbvio, os políticos são demasiado obtusos para o entenderem. E, porque o são, vamos ver agravar-se o estrangulamento da economia, com o consequente crescimento do desemprego e da pobreza. Por arrastamento vai aumentar a insegurança. E, porque a Justiça não funciona, vai vingar o primado da impunidade que, aliás, na última década, já atingiu níveis inimagináveis.
É óbvio que, enquanto isso, multiplicar-se-ão declarações, as mais imbecis, de "dinossauros", oportunistas, demokratas, compadres e outros, nas TVs, nas rádios e nos jornais engajados, numa repetida tentativa de anestesiar o povo. Declarações tão imbecis como aquela que pretendeu justificar o agravamento dos sacrifícios exigidos ao povo, com um pseudo-sofrimento dos governantes.
Veremos também crescer uma economia paralela (e quem pode condená-la?), como consequência da injustiça fiscal e da prepotência de um estado ganancioso. Fruto de tal, a instabilidade social atingirá níveis impensáveis.
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A M A N H Ã
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Mostra-se amargo o presente
Quando o silêncio, ditado
Pela ganância, consente
Que exista fome a seu lado.
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Mostra-se negro o futuro
Que a escuridão, no passado,
Fundamentou inseguro
Por ser de mágoas marcado.
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E porque hoje se sente
Que o tempo está balizado
Pelo que é certo, ou errado,
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Entendo eu, de repente,
Que é quase certo ser duro
Esse amanhã, que é já escuro.
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Vítor Cintra
No livro: FRAGMENTOS
3 Comentários::
"E, porque a Justiça não funciona, vai vingar o primado da impunidade que, aliás, na última década, já atingiu níveis inimagináveis."
Inimaginável também amigo é a indignação que sentimos quando vemos esse cenário em nossos países, tão irmãos, tão parecidos na prática política. Política perversa, porque corrupta, injustiça, impunidade...
Por aqui estamos a menos de um mês para saber quem será nosso próximo presidente. Serra ou Dilma?
Os dois candidatos, prometem, como sempre, da mesma forma que acontece aí, resolver tais e tais problemas. Pena que como quase sempre acontece, depois das eleições, o povo é esquecido.
Mas ainda considero José Serra nosso melhor candidato. É dele, meu voto.
Parabéns pelo texto e pelos versos Vitor.
Estamos todos indignados! Será que também estamos adormecidos?
A minha esperança está no acordar das novas gerações. Quem terá a coragem?
Obrigado pelo que és e pelo que representas para mim!
Luz
Caro Vitor;
Excelente texto, numa prosa irrepreensível. Não vou deixar de ler os seus magníficos textos de opinião, por serem de enorme qualidade.
Quanto ao soneto, simplesmente admirável, o que, aliás, já não me surpreende, pois, para mim, é dos maiores sonetistas.
Um forte abraço.
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