FAZEDORES DE OPINIÃO, ou apenas...
Não sou muito dado a perder o meu tempo ouvindo, os chamados comentadores da TV, debitando conversa fiada, 'para boi dormir', sobre tudo e algo mais, como se fossem a fonte inesgotável e absoluta do conhecimento. Mas, de quando em vez acontece. Como acontece ouvir os "marretas", ou os "malucos do riso". Um destes domingos, aconteceu. E lá me deixei ficar a ouvir, sem mudar de canal.
Mas, enquanto o douto comentador dava a "sua aula", não pude deixar de recordar outras intervenções suas, então numa outra estação de TV, muito menos cordatas, compreensivas e isentas, para com os governantes de então, do que são, para os governantes actuais, as que hoje produz. Tão pouco cordatas ou objectivas que levaram a administração da estação, apesar de presidida por um seu familiar, a indicar-lhe a porta da rua.
Ao tempo não foi fácil entender o encarniçamento das críticas, a virulência dos comentários. Dava a ideia até que, na origem de todo aquele "mal dizer" havia razões pessoais. Afinal ele (o sr. professor) e o primeiro ministro eram da mesma família política (ou não?). Não é que os governantes de então não merecessem críticas. Nada disso! Não eram melhores do que os actuais. Mas também não eram piores. (Aliás, seria difícil serem piores.) Só que,
A acintosidade era tal que levou muita gente a questionar-se: "Quem tem correligionários assim, para que precisa de adversários?"
Hoje é evidente a razão de tanta rudeza de comentários e da animosidade de então. Por isso é que ninguém estranha que o senhor professor tenha voltado a ser comentador na TV pública.
O povo, na sua infinita sabedoria, diz: Quem não tem vergonha é dono do mundo!
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MÁ LÍNGUA
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"Montanha parindo um rato!"
Assim se diz de quem fala.
Mais vale ser-se cordato
Mas nunca crer em relato
De boca que não se cala.
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Não ganha quem urde enredos,
Nem quem os ouve ou suporta.
Intrigas que geram medos,
Relatam falsos segredos
A quem, com eles, se importa.
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Qualquer que seja a verdade,
Na boca do mal dizente,
Maior a necessidade
De ter a capacidade
De ver quando é que ele mente.
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Vítor Cintra
No livro: MEMÓRIAS
12 Comentários::
É comprazer que leio estas suas crónicas.
Poema mordaz que muito apreceei e de que realço o final.
Qualquer que seja a verdade,
Na boca do mal dizente,
Maior a necessidade
De ter a capacidade
De ver quando é que ele mente.
Beijo
O que se vê hoje, é o mau uso dos meios de comunicação que de informativos passaram a ser formativos .... um microfone, um papel escrito, uma camera passaram a ser armas das más línguas ... colocam-se como "fazedores de opinião" e como bem induz o poema, somente dos que vêem e não enxergam!
Políticos... que mais podemos esperar? Gostei da tua crónica.
Beijos
São ambas as coisas:Fazedores de opiniões baratas, cada vez que falam em público.Manipuladores do pensamento , deixando pouco espaço para a análise crítica.Cheios de dogmas, certezas e convicções, educadores dos gentios, dos pata-ao-léu.Já nem me dou ao trabalho de os ver.
Viva:
Os politicos são pessoas como todos nós.
Há pessoas sérias e pessoas desonestas.
Conforme elas sejam... é conforme elas serão, na política e em qualquer outra actividade, talvez até em família.
Provavelmente os políticos brasileiros, pelo seu passado, serão mais corruptos por uma questão de cultura política e porque historicamente essa política sempre foi usada contra o povo e no tráfico de influências.
Mesmo assim vale mais um político corrupto em quem se possa dar "porrada" e que se possa mudar, como parcece ser o caso, do que ditadores fascistas e sanguinário como Brasil já teve vários.
Cumprimentos,
Oi amigo Vitor:
Começa a semana sorrindo, no maior astral, indo atrás do que realmente conta: ser feliz! Nada de reclamar da segunda-feira.
Começa a semana com fé, acreditando que tudo é possível, quando nos dispomos a realizar, a ousar, a arriscar.
Abraço blue
Quando ando bem disposta até gosto de ler e ouvir os comentadores. Gosto de conhecer opiniões diversas.
Mas dou-lhes a mesma importancia que dou às opiniões que oiço na minha rua.
São opiniões. A verdade, não costumo encontrá-la aí...
Adoro ler-te!
Um beijinho grande e obrigada pela força!
Sophie
Pois bem, de comentários esdruxúlos os canais esportivos brasileiros estão cheios. Em se tratando de comentários tambèm óbvios , CasaGrande é o "PIOR".
Abraços!
muito bem. Msi um poema cheio de olhares...
Abraços
O Sr. Professor tem uma fluência verbal e uma inteligência acima da média, mas o apelo da imagem e de estar sempre na berra toldaram-lhe o juízo crítico e o discernimento político.
Hoje, ouvindo-o pronunciar-se em áreas que não domina de todo mas domina melhor que a imensa massa patego labregóide que é o povo português, dá pena ver um catedrático soltar meias verdades e até ser treinador de bancada.
Pensar que tive aquele homem como professor (e que professor) quando somente leccionava e falava de direito. Que pena.
Amigo Vítor, o apelo do dinheiro e da imagem pública, quando a política falha, torna-se um imperativo kantiano sem categoria.
manel do montado,
A minha desilusão é que me leva a desabafar. Vergonha, em vez de protagonismo balofo e não se desperdiçaria talento que, em lugar próprio, é indiscutível.
Um abraço
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