EÇA DE QUEIRÓS disse...
No ano de 1871, Eça de Queirós disse:
«Estamos perdidos há muito tempo...
O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada.
Os carácteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte: “o país está perdido!”
Algum opositor do actual governo?... Não!»
Hoje deixo-vos com as palavras sábias e ainda actuais de Eça de Queiroz e com este soneto
.
SEM PERDÃO
Quem são esses dirigentes
Que sujeitam inocente
A sofrer tantos tormentos
Sem ouvir os seus lamentos?...
Quem é neste mundo louco,
- Quase sempre por tão pouco -
Que sujeita semelhantes
A martírios tão gritantes?...
Como pode um ser humano,
Só por ter na mão poder,
Deixar outros a sofrer?...
Por vontade, ou por engano,
Egoísmo, ou omisão,
É um crime sem perdão.
Vítor Cintra
No livro: MEMÓRIAS
12 Comentários::
Texto acertado, actualíssimo!
O país tem que acreditar na sua recuperação.
Os cidadãos de Portugal devem exercer a cidadania com TODOS os deveres e direitos.
Devem ACORDAR e gritar:
-Eu quero
-Eu Sei
-Eu posso!!
Abraço
Mário Relvas
Olá Vítor, mais um excelente texto com poema a condizer (mesmo actual!) a que nos vens habituando. Um bom fim-de-semana. Um grande abraço!
Eça de Queirós entendia da alma e das peças do mundo. Se o mundo dá voltas, por que cisma de passar pelo mesmo lugar e viver as mesmas coisas?
Ele também percebeu que caminhávamos e ainda caminhamos para a destruição. Será que acordaremos a tempo?
Belo poema, apesar mostrar a realidade desmascarada.
Beijos lendários.
Vítor,
Impressionante. O texto, escrito há tanto tempo ainda é, infelizmente, atual. O soneto, me lembra muito o caso de Flavia, por isso peço sua permissão para reproduzi-lo num post no blog dela, óbvio, mencionando sua autoria. Caso não concorde, por favor, não se acanhe em me dizer.Saberei entender.
Bom domingo, amigo.
A impressão que dá é que o texto foi escrito hoje. Tudo igual nada muda, que vergonha! Que herança maldita, quanto egoismo, tanta corrupção. Até quando podemos suportar? Boa escolha.
Um beijinho.
Vítor, meu amigo.
Que tristeza ver a atualidade deste texto.
Aplica-se perfeitamente ao meu país.
No seu belo soneto, senti a indignação que é a de todos os cidadãos de bem, em qualquer lugar do mundo.
Senti o grito contra os injustos e poderosos que humilham e machucam os pequeninos.
É muito triste.
beijos
... sem dúvida ...
sempre actual este texto
bjs
Este comentário foi removido pelo autor.
..........
hoje como ontem, tudo igual
apenas com uma diferença, hoje é o povo que os lá coloca
..................................
Abraço
Omissão se escreve com dois "esses".
É intrigante como o texto é a reflexão exata da atualidade,onde os sentimentos da falta de crença na conduta humana é vigente.
oh tondela oh tondela que linda que es como eça de queiros o melhor e o que es
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