HERÓIS ESQUECIDOS
JOÃO AGUIAR assina, na Revista "Tempo Livre", uma coluna intitulada "VIAGEM NA HISTÓRIA", em que relata factos da nossa História. Na revista de Abril de 2007, o episódio que lhe serviu de tema, foi a intervenção de um soldado do Regimento de Infantaria 19, de nome Aníbal Augusto Milhais, na batalha de La Lys, a 9 de Abril de 1918.
E diz o escritor:
Nada disto impediu que mais tarde, em 1928, o herói emigrasse para o Brasil, para ver se conseguia sustentar os filhos: uma pátria agradecida NÃO velava por ele... porém, os portugueses residentes no Brasil abriram uma subscrição a seu favor, para que pudesse viver dignamente no seu país. E Milhões regressou a Portugal. ..."
E diz o escritor:
"... Com este nome designa-se o combate do primeiro dia da grande ofensiva alemã contra a 2ª Divisão do CEP, como parte da «Operação Georgette», lançada pelo 6º Exército alemão do general Lunderdorff. Foi nesse combate que Milhais ganhou o seu nome de honra; a bravura que mostrou foi tal que o seu comandante, o major João Ferreira do Amaral, o abraçou e lhe disse: «Chamas-te Milhais, mas vales milhões!». E o «Milhões» ficou.
Três meses depois, em Julho, o Soldado Milhões tornava-se definitivamente célebre: no campo de Isberg, sozinho, empunhando a sua metralhadora Lewis, cobriu e protegeu a retirada dos seus camaradas portugueses e de soldados escoceses. Consta que se houve de tal forma que os alemães pensaram estarem a enfrentar toda uma unidade inimiga. Em consequência - coisa muito rara - recebeu a Torre e Espada no próprio campo de batalha, das mãos do general Gomes da Costa. A esta distinção seguir-se-ia a Cruz de Guerra, a Cruz de Leopoldo da Bélgica e muitas outras.Nada disto impediu que mais tarde, em 1928, o herói emigrasse para o Brasil, para ver se conseguia sustentar os filhos: uma pátria agradecida NÃO velava por ele... porém, os portugueses residentes no Brasil abriram uma subscrição a seu favor, para que pudesse viver dignamente no seu país. E Milhões regressou a Portugal. ..."
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É sina os heróis deste país serem votados ao esquecimento.
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C A N T O
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Eu canto os homens nobres e honrados,
Que não se demitiram do dever
E, indo p'ra tão longe combater,
Honraram Portugal, como soldados.
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Eu canto os homens simples, mas leais,
Que ousando cumprir bem cada missão,
Vieram dar ao mundo uma lição
De como respeitar os ideais.
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Eu canto os homens cuja juventude
Serviu a Portugal, e fez História,
Com actos de coragem e de glória;
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E a quem, nem a mudança de atitude,
Imposta por cobardes e traidores,
Calou para dar voz aos detractores.
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Vítor Cintra
No livro: ENCRUZILHADA
23 Comentários::
Vitor, não é só em seu país que os heróis viram poeira na alma ingrata de quem deveria honrá-los.
A história, porém, é mãe cuidadosa e sempre resata seus filhos merecedores do carinho e do respeito.
Você mesmo, enriquece essa história com seu lindo soneto.
Parabéns!
beijos, boa semana.
P.S. Sempre quero dizer e me esqueço: as músicas aqui são tão lindas que nem dá vontade de ir embora.
Um brinde aos HERÓIS!!!!
Quanto a ser meu fotográfo, podemos combinar isso depois...
Beijos de Menina
Meu querido Vitor, encheste-me a alma com este poema!
Apetece-me dizê-lo em voz alta!
Quanto ao texto... Infelizmente é tão verdadeiro... Quantos deram a vida, a saúde física e mental pelo país e para quê? Qual foi a recompensa? É muita ingratidão...
Um beijo grande, com imensa admiração
Amigo e Poeta Vítor,
Infelizmente não é só em seu país que esse esquecimento se faz verdadeiro, no Brasil dizemos que o nosso povo não tem memória, triste não!?
Mas vale o encanto desse poema belíssimo, onde a memória se faz presente.
Grande abraço
da amiga,
Valéria
Olá Vítor, mais um belo poema!
Tens um par de tomatinhos na nomeação do teu outro blog " A Fotografia". Um abraço!
Ver nomeações em:
http://criancices.blogspot.com/2007/05/blog-com-tomates.html
Pena que haja vozes suficientes para dar voz a este canto!
um beijinho
A história de Aníbal Augusto Milhais, o soldado Milhões é emocionante e triste pelo final...
No poema senti a dor do poeta pela ingratidão a quem merecia glórias e o Canto, soou como Choro... um belo choro.
Beijos
Meu amigo poeta.
Linda esta tua homenagem aos
"homens nobres e honrados, que não se demitiram do dever...
Um abraço.
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Amigo,
se um o disse bem em prosa
o outro disse-o muito bem em poesia
................................
Abraço
Sei a história do soldado Milhais e sei também que no exército de sua majestade havia sido logo promovido à categoria de oficial por “valor and gallantry in battle”, isto é o que dá a condecoração britânica Victória Cross.
Quem visitar o Royal Imperial Museum encontrará lá a referência ao dito militar, assim como a quantos oficiais a sua acção deu promoção.
Cá, quando a guerra acabou, ofereceram-lhe a metralhadora - quiseram mas ele recusou – preferindo uma enxada para cavar a terra.
Assim agradeceu a I República a um verdadeiro homem que nunca abandonou o seu posto e que arriscou a vida para que outros sobrevivessem.
Por cá conheço um que recusou uma condecoração “menor”, quando o texto escrito pelo próprio punho do comandante UNPROFOR, remetia para uma das mais altas condecorações portuguesas.
Coisas Republicanas.
Meu caro amigo e poeta J.Vítor
Métrica e poesia sempre estiveram presentes em teus relatos republicanos. Já havia lido algo sobre "Milhais" e associei à contento, a Revolução Constitucionalista de 1932 ou Guerra Paulista, foi o movimento armado ocorrido em São Paulo, no Brasil entre Julho e Outubro de 1932 visando à derrubada do governo provisório de Getúlio Vargas e à instituição de um regime constitucional após a supressão da Constituição de 1891 pela Revolução de 1930.
Os paulistas consideravam que o seu Estado estava sendo tratado pelo Governo Federal como uma terra conquistada, governada por tenentes de outros estados e sentiam, segundo afirmavam, que a Revolução de 1930 fora feita "contra" São Paulo.
O estopim da revolta foi a morte de cinco jovens no centro da cidade de São Paulo, assassinados por partidários governistas em 23 de maio de 1932, dando origem a um movimento de oposição que ficou conhecido como MMDC, iniciais dos mátires da revolução, hoje denominado oficialmente de MMDCA:
Mário Martins de Almeida (Martins);
Euclides Bueno Miragaia (Miragaia);
Dráusio Marcondes de Sousa (Dráusio) e
Antônio Américo Camargo de Andrade (Camargo).
Esse fato levou à união de diversos setores da sociedade paulista em torno do movimento de constitucionalização. Enfim um breve relato sem poesia (risos) de um momento histórico de Sampa.
Uma analogia convergente que nos remete a retóricas incontestes.
Grande abraço meu amigo, e bom final de semana!
Um post extremamente valoroso.
Caro Vitor, os homens devem combater, exercer a cidadania, ou outro sem ambições medalhísticas...cabe á Pátria Honrá-los...
Um abraço e bom fim de semana!
Mário Relvas
Olá Vitor!
Agradecimentos não sustentam ninguem e não bastam palavras, é preciso gestos. Felizmente conseguiu ter no Brasil o que lhe faltou em Portugal.
Abraço
Olá Vitor!
Hoje só de passagem para te dizer que gostava muito de ter hoje lá nos meus momentos.
Beijinhos e bom fim de semana!
Faz hoje dois anos que editei o meu primeiro post...
O que conta não é o que fazemos, mas o amor que colocamos no que fazemos!".
Madre Teresa de Calcutá ...
Alongo os meus braços e abraço-Vos... num abraço intemporal!!!
...e a História repete-se uma e outra vez, neste nosso Portugal tão nobre quanto subjugado à alarvidade de parasitismos populistas e apátridas.
Boa semana
PASSEI PRA DA UM OI,LINDA HISTÓRIA E POEMA,NÃO ESTOU LEMBRADA DE TERESTUDO SOBRE ESSE GRANDE HOMEM.
Exemplos dignificantes duma coragem suprema, que tanto nos honra. O meu tio-avô José Inocêncio também esteve na célebre Batalha de La Lys, em consequência da qual ficou aprisionado num campo de prisioneiros na Alemanha. Um prazer assumido visitar este sempre interessante blogue. Boa semana.
Quando descrobrimos o seu site somos invadidos de energia positiva
e de uma grande alegria, bem como de uma enorme força interior de continuar a lutar pelo bem e pela verdade das coisas
Sem dúvida que Gil Eanes, como outros familiares e amigos tiveram uma enorme coragem e felicidade quando realizaram aquele feito histórico que abriu novos mundos ao mundo
Numa época em que continua a haver uns artistas que sem saber respeitar o que encontram feito, aproveitando-se em benefício próprio daquilo que encontraram, usurpando e delapidando o património, Gil Eanes continua a ser um exemplo.
Gil Eanes, foi um exemplo para o miúdo da Escola de Barrancos que deu o nome à mascote da EXPO98, o GIL, o seu entusiasmo e a sua determinação cativaram os altos dirigentes da Parque EXPO98, que em 1993-1994, souberam planear e lançar um grande evento mundial, a EXPO98, de Lisboa, que mudou algumas mentalidades dos portugueses e dignificou de novo Portugal perante o mundo, contribuindo para a elevação da qualidade e das exigências de tudo o que se passou a fazer em Portugal depois da EXPO98
Gil Eanes e o Mar da Palha alimentaram sonhos e entusiasmaram pessoas, fazendo-os de novo reacordar para a possibilidade de realização de grandes obras e de grande eventos que a partir daí naturalmente se seguiram
Gil Eanes deve continuar a representar as raízes sérias dos homens bons, corajosos e valentes que sem medo dos montros continuam a lutar contra a malandraja de gente oportunista e usurpadora que ocupam sem dignidade, sem ética e sem valor, determinados lugares para apenas sacarem em benefício próprio os bens que pertencem aos outros e à comunidade que muita vezes os elegeu
Li com atenção o seu artigo e pretendo em consideração, acrescentar mais alguma informação. recordo que numa noite do ano 1968 ou 1969(?) o soldado Sr. Milhais deu uma entrevista na então rádio Club Portugues conduzida pelo jornalista Fialho Gouveia, que por coincidencia ouvi com muita atenção.Lembro-me de ter dias depois comentado essa entrvista com meu avô, tambem combatente da 1ª grade guerra. Ainda hoje guardo na memoria alguns extratos da conversa, e com algum esforço posso tambem precisar melhor a data dessa entrevista! Não sei como estão os arquivos históricos da dita Rádio, mas seria de muito interesse que essa gravação ainda existisse.
Os meus cumprimentos
J S
jserr@mail.pt
Caro sr Silvino Potêncio
Li com atenção o seu artigo e pretendo em consideração, acrescentar mais alguma informação. recordo que numa noite do ano 1968 ou 1969(?) o soldado Sr. Milhais deu uma entrevista na então rádio Club Portugues conduzida pelo jornalista Fialho Gouveia, que por coincidencia ouvi com muita atenção.Lembro-me de ter dias depois comentado essa entrvista com meu avô, tambem combatente da 1ª grade guerra. Ainda hoje guardo na memoria alguns extratos da conversa, e com algum esforço posso tambem precisar melhor a data dessa entrevista! Não sei como estão os arquivos históricos da dita Rádio, mas seria de muito interesse que essa gravação ainda existisse.
Os meus cumprimentos
J S
Caro sr Silvino Potêncio
Li com atenção o seu artigo e pretendo em consideração, acrescentar mais alguma informação. recordo que numa noite do ano 1968 ou 1969(?) o soldado Sr. Milhais deu uma entrevista na então rádio Club Portugues conduzida pelo jornalista Fialho Gouveia, que por coincidencia ouvi com muita atenção.Lembro-me de ter dias depois comentado essa entrvista com meu avô, tambem combatente da 1ª grade guerra. Ainda hoje guardo na memoria alguns extratos da conversa, e com algum esforço posso tambem precisar melhor a data dessa entrevista! Não sei como estão os arquivos históricos da dita Rádio, mas seria de muito interesse que essa gravação ainda existisse.
Os meus cumprimentos
J S
De: S.S. Potêncio
Ao Titular deste Blog,...
Lamento só agora ter tido conhecimento desta msg pois que eu, pessoalmente, não costumo navegar pelos Blogs.
Descobri esta msg por mero acaso mas tenho uma vaga ideia de uma crónica da minha autoria onde mencionei de forma bastante leve o simbolismo da figura do Soldado Milhões de quem ouviamos falar muito nos nossos tempos de criança lá nas minhas adoradas Terras Altas Transmontanas.
Caso algum leitor queira se comunicar comigo basta deixar msg no meu Blog htp://zebico.blog.com ou mandar para minha caixa de email: sspotencio@yahoo.com.br
Abraço
Silvino Potencio - Emigrante Transmontano - O Home de Caravelas - Mirandela
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