terça-feira, agosto 26, 2008

CHAVES - Cidade sem idade


Há mais de dois milénios, as legiões romanas conquistaram aquelas terras vindo a instalar-se no fértil vale do Tâmega, exactamente onde hoje se ergue a cidade de Chaves.
Ergueram fortificações, aproveitando alguns dos castros existentes, levantaram muralhas protegendo o aglomerado populacional, construíram a majestosa ponte de Trajano, fomentaram o uso das águas termais, implantando balneários, exploraram minérios, filões auríferos e outros recursos naturais.
Tal era a importância desse núcleo urbano, que foi elevado à categoria de Município no ano 79 d.C. ao tempo em que Tito Flávio Vespasiano, se tornava o primeiro César da família Flávia.
A antiga designação de «Aquæ Flaviæ», dada então à cidade de Chaves, bem como o seu gentílico — flaviense, têm aí a sua origem. A dominação romana verificou-se até ao início do século III. A chegada gradual dos chamados bárbaros - Suevos, Visigodos e Alanos - provenientes do leste europeu, pôs termo à colonização romana.
O domínio bárbaro durou até que os mouros, oriundos do Norte de África, invadiram a região e venceram Rodrigo, o último monarca visigodo, no início do século VIII. Com os árabes, também o islamismo invadiu o espaço ocupado pelo cristianismo, o que causou uma azeda querela religiosa e provocou a fuga das populações para as montanhas.
As escaramuças entre mouros e cristãos duraram até ao século XI, com inevitável destruição por toda a região.
A cidade começou por ser reconquistada aos mouros no século IX, por D. Afonso, rei de Leão, que a reconstruiu parcialmente. Porém, logo depois, no primeiro quartel do século X, voltou a cair em poder dos mouros, até que no século XI, D. Afonso III, rei de Leão, a resgatou, mandou reconstruir, povoar e cercar novamente de muralhas.
Por volta de 1160, com a participação dos lendários Ruy Lopes e Garcia Lopes, tão intimamente ligados à história da terra, Chaves passou a integrar o país, que então já era Portugal.
Devido à sua situação fronteiriça, Chaves era vulnerável ao ataque de invasores e, como medida de protecção, D. Dinis (1279-1325) mandou levantar o castelo e as muralhas que ainda hoje dominam grande parte da cidade e periferia.
Cenário de vários episódios bélicos no século XIX, a 20 de Setembro de 1837, celebra-se a Convenção de Chaves, após o combate de Ruivães, que põe termo à revolta Cartista de 1837, ou revolta dos marechais.
A 8 de Julho de 1912 travou-se o combate entre as forças realistas de Paiva Couceiro e as do governo republicano, chefiadas pelo coronel Ribeiro de Carvalho, de que resultou o fim da 1ª incursão monárquica.
A elevação de Chaves à categoria de cidade aconteceu a 12 de Março de 1929

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C H A V E S
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O Tâmega, cantando, te namora,
Fecunda-te, ao saltar das suas margens,
E corre, perseguindo outras paragens,
Num manto de salgueiros, que te chora.
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Os povos te forraram de progresso,
Suevos, Visigodos e Alanos,
Mas foi num outro tempo, o dos romanos,
Que mais se destacou o teu sucesso.
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A orda, chacinante, do califa,
Focou em ti seus olhos de cobiça,
Trazendo violência sem igual.
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Até que dos Afonsos de Leão
Surgiu o teu resgate. E, só então,
Uniste o teu destino a Portugal.
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Vítor Cintra
No livro: AFAGOS

8 Comentários::

At 27/8/08 6:07 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Olá VS,
mais uma cidade que conheço: Chaves. Mais um belo poema!

abraço

 
At 28/8/08 5:19 da manhã, Blogger Odele Souza said...

Passando pra te ler e te rever.

Um abraço.

 
At 28/8/08 8:15 da tarde, Blogger Chellot said...

Acho incrível a sua capacidade de fazer de um fato histórico uma poesia tão bela. Chaves passou por muitas mãos, caiu e levantou, mas o mais importante é que permanece viva na lembrança dos povos que a sucederam.

Beijos de sonhos.

 
At 30/8/08 2:01 da manhã, Blogger tulipa said...

OLÁ VITOR

A POESIA... SEMPRE...!!!
OBRIGADO.

O dia amanheceu bem mais bonito, o dia esteve bem mais ensolarado.
Oh! Querido netinho eu acredito,
Que és um anjo de Deus que foi me dado. Eu sinto-me por Deus abençoada,
O coração da Avó está contente.
Seus bracinhos num abraço comovente,
Seu sorriso é a pureza,
Sendo o teu aniversário,
Mas fui eu que te ganhei de presente!

Bom fim de semana.
Muitos beijinhos.

 
At 31/8/08 2:37 da tarde, Blogger Odele Souza said...

Querido amigo,
Sobre teu comentário há pouco no blog de Flavia:

Também acredito que os blogs aderentes à Blogagem Coletiva de Flavia sejam mais do que aqueles que lá estão linkados. Mas existe uma dificuldade em localizá-los, já que muitos aderem mas não me avisam. Tenho conseguido descobrir muitos desses blogs, através do sitemeter que tenho instalado no blog de Flavia.
Alguns amigos também me avisam ao ver por aí blogs aderentes, e que ainda não estão devidamente linkados.

Bom domingo pra ti amigo.

 
At 4/9/08 9:03 da tarde, Blogger alyia said...

Vim refrescar o cérebro nas tuas palavras.

Chaves é sem dúvida uma bela cidade. Aliás nós temos um país lindissimo...



Beijinho (desejando que todos estejam bem por aí)

 
At 7/9/08 10:52 da tarde, Blogger Unknown said...

Chaves, uma bela cidade, da qual tenho saudades!
Bom conhecer mais um pouco por cá.
O poema... sempre excelente meu amigo!


Beijinhos

 
At 15/2/09 9:57 da tarde, Blogger Rui Carvalho said...

Olá a todos. Nasci em Chaves e vivo atualmente no Brasil. Estou a escrever um livro de memórias a que dei o nome de "Às margens do Tâmega". É sobre a minha infância e juventude em Chaves. Coloquei o primeiro capítulo num blog e gostaria que todos visitassem e acompanhassem para comentar. O endereço é: www.asmargensdotamega.blogspot.com

Um abraço.

Rui Carvalho
rui@ruicarvalho.com.br

 

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