CRISE - Consequência da desumanidade
A crise actual afecta toda a população mundial. Mas não atinge todos de igual forma. É muito mais grave nos países pobres.
Tomemos como exemplo o caso da alimentação no mundo.
Nos países mais ricos, os gastos com alimentação podem somar 20% do rendimento das famílias. Nos mais pobres, porém, especialmente na América Latina, na Ásia e em África, a sobrevivência alimentar exige até 80% dos recursos das populações.
Se, nos países ocidentais, perante a escalada dos preços, para minimizar as consequências da crise, as pessoas mudam alguns dos seus hábitos, num esforço de contenção das despesas, já nos países mais pobres não há hábitos que se possam alterar e a subida do preço dos alimentos, nomeadamente dos cereais, afecta directamente os estomagos e a saúde das populações.
Muitos economistas apontam diversos factores como responsáveis pelo agudizar da crise alimentar no mundo. Alguns referem o aumento dos preços dos combustíveis e a instabilidade dos mercados, por agravarem os custos de produção, transportes, sementes, adubos, rações, etc., como responsáveis pela crise. Outros, assinalam a diminuição dos fundos aplicados no desenvolvimento da agricultura como o factor com maiores responsabilidades. Alguns outros, contudo, atribuem a escassez à opção de afectar grandes extenções de terras, à produção de cereais para a produção de biocombustíveis em vez de as destinar à produção de alimentos.
Certamente que todos eles terão alguma razão, mas a falta de alimentos é consequência, especialmente da má distribuição dos bens que a terra produz.
De acordo com a FAO produzem-se anualmente alimentos suficientes para alimentar o dobro da população actual. Mas enquanto alguns países vivem na abundância e desperdiçam até os bens que têm, outros vivem na penúria.
Tomemos como exemplo o caso da Inglaterra:
Os ingleses deitam fora, anualmente, cerca de 12 milhões de euros em alimentos bons. Diariamente são lançados nos contentores britânicos mais de um milhão de iogurtes, mais de 650 mil ovos e 550 mil frangos, perto de dois milhões de bananas, mais de quatro milhões de maçãs.
(Fonte de informação: África Gonzalez/Fernando Félix)
Mais do que desperdício trata-se de imoralidade.
A N T Í T E S E
Quando o rico diz ao pobre:
"Não há nada que me sobre!"
Fala a voz da avareza
Companheira da riqueza.
.
Mas o pobre pensa e diz:
"Com bem pouco sou feliz!"
Fala apenas como sente,
Pensa só no seu presente.
Falam coisas bem diversas,
Neste tipo de conversas,
Mas nenhum o compreende;
.
Pensa o pobre nas migalhas,
Fala o rico em vitualhas.
Este mundo não se entende.
Vítor Cintra
No livro: ECOS
13 Comentários::
Caro Vítor,
É imoralidade e não só é uma afronta à pobreza, pensar que existem milhares de crianças morrendo à fome, quando há todos os dias quem estrague, deite fora e se dê ao luxo de escolher, porque não gosta disto ou daquilo.
Belo o soneto... Aliás como todos os seus trabalhos!
Beijinhos,
Ana Martins
olá, precisamos de mais denuncias como estas, nao seria exatamente denuncias, mas um grito contra uma injustiça que nos assola em todo o mundo... abraços
penso que existem pessoas que não aspiram tanto a elevarem-se na classe social ou por limitações.
QUERIDO AMIGO VITOR, PASSANDO PARA DEIXAR-LHE MUITOS BEIJINHOS DE CARINHO E TERNURA,
FERNANDINHA
Mais uma vez conciso, real, verdadeiro e oportuno.
Obrigado por nos ires acordando.
Luz
Fica difícil entender mesmo, quando vemos exemplos do desperdício como no caso da Ingleterra, ou mesmo aqui no Brasil onde produtos alimentícios mofam em silos, são incineradas toneladas de alimentos por conta das super-safras, enquanto muitos não possuem o que comer.
Me foge ao senso...
Um beijo pra ti
Amigo Vitor,
Notícias como esta deixam-me sempre muito constrangida...
Tanto se fala , e nada se faz...Sem querer comparar mas e nós por cá?...Também muita miséria encoberta!..Muita fome...
O seu soneto está PERFEITO!!!
Um beijo meu!
Vítor,
A crise é dramática, e estes dados que nos falas, além de assustadores, são reveladores do quanto que a população humana é pouco solidária.
Abraço.
Amigo,
Dentre os motivos aqui mencionados para a escassez - ou a falta total! - de alimentos para os pobres, um dos que mais me causa indignação é mesmo o desperdício. Eu desconhecia esses dados da Inglaterra. Revoltante.
Mas também nos lares, obviamente em menor escala, o desperdício de alimentos ocorre e tem que ser evitado. Assim como a sovinice.
Um abraço.
Pois é revoltante o jogar alimentos fora com crianças a morrer com fome,contudo não acontece somente na Inglaterra, como em muitos mais países.
Jogando os alimentos fora, os mesmos aumentam e o negócio faz-se (pensamento geral).
Bjinhos, RS.
Um excelente fim-de-semana que se avizinha!
parece que não existe qualquer vontade dos países ricos por, e apenas, questões económicas e de poder
Um texto que reflecte a realidade de ontem, de hoje e... certamente de amanhã!
Saudações e um sorriso
Enviar um comentário
<< Home