sábado, outubro 21, 2006

JUSTIÇA - A politização

(imagem recolhida no blogJoão Tilly)

"Quem nasceu para lagartixa nunca chega a jacaré"

O nº 128 da Revista "Sábado" inclui um artigo do Professoar José Pacheco Pereira intitulado "A bem-vinda politização da justiça", de que, pelo seu interesse e pertinência, transcrevo alguns trechos:
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«Dúvidas houvesse sobre a politização da justiça e bastava ler o noticiário dos últimos dois meses para se perceber como é sólida e estabelecida a relação entre os mais altos cargos no sistema judicial, em especial na Procuradoria, e o poder político.
(...)
Em Portugal, o sistema que impera inclui doses de hipocrisia considerável, com grandes retóricas e grandes palavras sobre a "independência" do sistema judicial, a sua "autonomia", como se a justiça se exercesse numa redoma de cristal de homens impolutos e justos que não têm que prestar contas a ninguém, a não ser aos seus pares e mesmo assim pouco, e que são o último sustentáculo do povo versus todos os males, a começar pelos políticos corruptos e pedófilos. Esta retórica encobre uma luta de influências e poderes que se faz por detrás de grandes proclamações sobre a independência da justiça. É um conflito que envolve políticos, juízes, magistrados, advogados, sindicatos e grandes interesses que se movem à volta da justiça e da "injustiça". E que, numa democracia sã, deve ser tão escrutinado como qualquer decisão do Conselho de Ministros ou falta injustificada dos deputados.»
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É necessário dizer mais?... Mas há quem se melindre quando se diz que este regime não passa duma mal conseguida caricatura de democracia. Santa ignorância!

J U S T I Ç A

Se alguma vez encontrei
Razão p'ra compor poemas
Foi ao ter visto que a lei
Põe os interesses da grei
Atrás de muitos esquemas.

Sabendo quanto me exponho
Às críticas discordantes
Não abro mão do meu sonho;
Compondo, como componho,
Acuso apenas tratantes.

Justiça?!... Se fosse feita
Sem ver o nome do réu,
Não sendo embora perfeita,
Faria andar mais direita
A vida de quem sofreu.

Vítor Cintra
No livro: MOMENTOS

18 Comentários::

At 21/10/06 11:25 da manhã, Blogger Luna said...

Por tudo isso, a politica não me diz nada, só serve alguns, as injustiças cada vez são maiores, as desigualdades,não me enquadro na politica
beijos

 
At 21/10/06 2:04 da tarde, Blogger Papoila said...

Justiça e poder político casaram-se... e o artigo está interessante. Gostei muito do poema e dos seu últimos versos. Beijo

 
At 21/10/06 4:50 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Politização da Justiça... mas na democracia os Poderes são distintos, como defender a união entre els?

Vejo aqui no Brasil a Justiça andando paralela aos fatos políticos, acobertando crimes de políticos, é isso que querem oficializar em Portugal?

Continue compondo seus poemas e expondo sua indignação, pois perdê-la é aceitar e quem é digno não aceita. Beijos e bom final de semana.

 
At 21/10/06 7:49 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Neste sábado ao som cadente da chuva que embala, visito as páginas que mais aprecio e cuja qualidade me atrai. Parabéns e bom fim-de-semana, pois aqui descanso os olhos no teu magnífico blogue.

 
At 21/10/06 9:23 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Muito bonito poema. A justiça e o poder servem sempre os mais poderosos. beijos

 
At 21/10/06 10:14 da tarde, Blogger tb said...

Sempre agradável vir aqui e ler a sensibilidade tenasformada em belos poemas.
jinhos

 
At 21/10/06 10:16 da tarde, Blogger tb said...

era transformada, mas parece que troquei tudo eheheh.
um bom fds

 
At 21/10/06 11:48 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Rapaz... é verdade. Parece que nossos blogs estão sempre em sintonia, o que é uma honra para mim, fique certo disso.
Sou formado em Direito, passei no exame da Ordem dos Advogados do Brasil mas não quero advogar. Hj trabalho no Tj e, volta e meia, abordo tematica juridicas em meu blog.
Um abraço amigo!

 
At 22/10/06 11:55 da manhã, Blogger CAntonio said...

Triste.... mas a justiça, esta senhora ingrata, mais parece uma rameira, que não ama ninguém; quem a procura será sempre mais "um cliente" que ela saciará dependendo do "bolso".

Enfim.........

Bom fim de semana ao amigo,

SDS

 
At 22/10/06 12:28 da tarde, Blogger Sophie said...

É um desacreditar total amigo.
Um beijinho de bom fim de semana.

 
At 23/10/06 3:31 da tarde, Blogger Paulo Silva said...

Se justiça osse feita
Neste país desgastado
Não haveria ministros
A passear por todo o lado.

Abraço e boa semana.

 
At 23/10/06 9:19 da tarde, Blogger Å®t Øf £övë said...

Vitor,
É a primeira vez que visito o teu blog, e estive a ler alguns posts, e achei bastante original a forma como os fazes, misturando os temas com poemas escritos por ti.
Parabéns pela originalidade.
Quanto a este tema, deixa-me dizer-te que em minha opinião o mal reside precisamente no facto dos grandes interesses que se movem à volta da justiça. É um pouco assim em tudo na vida.
Abraço.

 
At 24/10/06 1:28 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Parece um país a brincar...
Beijocas Mafrense ;***

 
At 24/10/06 11:21 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Vítor Cintra.

Mas existe partido em Portugal que Politize mais a justiça que este que está no poder!? Só que por vezes o Estado Policial que eles criam sempre que estão no Governo, por vezes caem-lhes em cima! Já tem acontecido nalgumas circunstâncias... Meu amigo não tenhas medo, "quanto me exponho". Gostei imenso do teu poema e da última quadra que está excelente. Um abraço.

 
At 25/10/06 1:37 da tarde, Blogger Manel do Montado said...

Sempre desconfiei da classe política, considero-os vendedores de ideias fracos. Respeito o povo, tolo, crédulo, esperançoso que ainda neles acredita.
Já tive o privilégio de chamar monte de m***a a um, cara-a-cara e nada me aconteceu, o que prova que ele o é de facto. Por sinal até pertence ao Partido Xuxalista.
Quero aqui deixar bem claro que os outros são feitos da mesma massa disforme e castanha, só que de diversos tons.
Como podem esses homens e mulheres dormir descansados quando há centenas de pessoas a dormir nas ruas de Lisboa e deste país.
Fico por aqui.
Um abraço

 
At 26/10/06 4:30 da manhã, Blogger Fatima Gama said...

Tanto aí como aqui reinam a hipocrisia e somos apenas meros espectadores da farsa que eles criam, não há justiça, morrem os sonhos e as esperanças! Belo poema meu amigo, bjs e que um dia as coisa melhorem, é só o que podemos fazer, esperar dias melhores.

 
At 30/10/06 9:04 da manhã, Blogger DIGNIDADE said...

Olá! Só agora (30 Out) terminei uma semana de vôos horrível... depois de enviar as minhas pestes para a escola não podia deixar de te visitar. Claro que este tema é doloroso pela crueza da verdade que encerra. Embora não seja apreciadora do Sr.Pacheco Pereira, tenho que lhe tirar o chapéu por este "escarrapachar nas trombas" os podres dos seus colegas de ofício: os políticos! Que me perdoem os isentos de culpa, mas a podridão é de tal forma abrangente que já se vulgarizou e generalizou, de forma despudorada, em todos os sectores da sociedade "portucalense". Volta "Padeira de Aljubarrota!Ou tu Maria da Fonte!"...
Um bj!

 
At 18/12/06 9:15 da tarde, Blogger Cleopatra said...

E quem lhe disse que o Juiz vê o nome do réu???

E a Justiça não é só a Procuradoria!

Ai...suspiro.

 

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