segunda-feira, março 16, 2009

«Bestas de lugar nenhum»

(imagem recolhida na internet)

Num país da África Ocidental, de um momento para o outro, a vida do jovem Agu muda radicalmente. A paz na aldeia em que vive com os seus pais e a irmã é rompida com a chegada de uma milícia liderada por um homem louco e cruel.
Sozinho, afastado da sua família, Agu, recrutado como o mais novo soldado do grupo, é obrigado a matar para não morrer, presenciando os horrores de um conflito, que não compreende, e tornando-se parte dele.
***
Esta é a história que, no seu romance de estreia, o escritor nigeriano Uzodinma Iweala nos relata, na primeira pessoa, em «Beasts of No Nation» (2005 Harper Perennial), como experiência de uma das muitas crianças obrigadas a combater, como bestas ferozes à solta, nas mãos de comandantes sanguinários.
(Fonte de informação: Revista Além-Mar)
O número de "crianças-soldados" diminuiu nos últimos anos, mas estima-se que ainda existam 250.000 menores, em todo o mundo, envolvidos em conflitos.
Pelo menos 24 países ou territórios obrigam milhares de crianças a servir nos seus exércitos ou em grupos armados.
Na maior parte dos casos, subjacente aos conflitos nesses países ou territórios, estão as riquezas do subsolo, ou outros interesses inconfessados. Mas nunca preocupações com os direitos das populações.
Amargamente curioso é o silêncio dos "paladinos" dos direitos humanos, quando se trata de governantes ou comandantes que se situam na sua esfera de interesses.
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C O N C L U S Ã O
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Não julgo haver futuro sem esperança,
Nem temo a minha sorte, nem a tua,
Mas temo pela vida da criança
Que passa, descuidada, pela rua.
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Não creio que a bandeira, que se agita,
Nas mãos de pacifistas de fachada,
Resulte na maneira mais bonita
De ter um amanhã melhor que nada.
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Porquê tapar o sol co' uma peneira
Ao por-se, duma forma masoquista,
Ao lado duma corja oportunista?
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Existe uma lição mais verdadeira:
- Quem quer manter a paz na sua terra
Terá que prepará-la para a guerra!
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Vítor Cintra
No livro: DIVAGANDO

8 Comentários::

At 16/3/09 11:03 da tarde, Blogger Vera Sousa Silva said...

"Não julgo haver futuro sem esperança,
Nem temo a minha sorte, nem a tua,
Mas temo pela vida da criança
Que passa, descuidada, pela rua."

Um tema assustador... e infelizmente bem real...

Beijo

 
At 16/3/09 11:23 da tarde, Blogger Unknown said...

Caro Vítor,
infelizmente em pleno sec.XXI isto ainda acontece!

Grande soneto... Parabéns!

Beijinhos,
Ana Martins

 
At 17/3/09 1:11 da manhã, Blogger Menina do Rio said...

Eu vi um filme, ao qual agora me foge o nome, que retratava esta realidade. Crianças arrancadas dos pais empunhando armas nas milicias.

A mão que toca um violão
se for preciso faz a guerra
mata o mundo
fere a terra
Beijos

 
At 17/3/09 4:08 da manhã, Blogger Odele Souza said...

Ver uma criança armada e pronta para matar é chocante e deprimente. Porque além de todo o absurdo da situação, é uma violência contra a natureza da criança, que teria apenas que estudar e brincar e assim ser preparada para viver e amar e jamais para matar.

Revoltante.

Lindo o soneto amigo.

 
At 17/3/09 8:35 da manhã, Blogger antónio paiva said...

...

Amigo,

que vontade de escrever à estalada!

"Não creio na bandeira, que se agita,
Nas mãos de pacifistas de fachada,
Resulte na maneira mais bonita
De ter um amanhã melhor que nada."

eu não seria capaz de o expressar melhor.

um abraço.

 
At 17/3/09 10:19 da manhã, Blogger Teresa Durães said...

São tantas as crianças que desde muito novas são treinadas para a matança

 
At 19/3/09 12:02 da manhã, Blogger FERNANDINHA & POEMAS said...

QUERIDO VITOR, GRATA PELA TUA VISITA FICO SEMPRE COMOVIDA AMIGO, ADORA´VEL POSTAGEM A TUA AMIGO... UM GRABDE ABRAÇO DE CARINHO E TERNURA,
FERNANDINHA

 
At 19/3/09 9:52 da tarde, Blogger Luz said...

Fico sempre horrorizada com estas realidades(que pena que não são histórias!), de tal forma horrorizada que só me apetece tapar os ouvidos e fechar os olhos e anestesiar o cérebro...
olho para as minhas crianças africanas e...podiam ser eles, tão pequeninos ainda.
Porque é que os Homens são tão crueis?

 

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