quinta-feira, agosto 31, 2006

CONTAS CONFUSAS... ou mal contadas?


(Fotografia da Lusa)

EXEMPLOS PRÁTICOS DE COMO ESTRANGULAR UMA ECONOMIA


O Diário Económico, na sua edição de 20 de Julho, citando dados do Boletim de Execução Orçamental, avançou a notícia de que, no primeiro semestre de 2006, entraram na Função Pública 22.420 pessoas, quase o dobro dos 12.254 funcionários que se aposentaram.
O ministro Teixeira dos Santos, porém, foi ao Parlamento assegurar que o número de funcionários públicos, no primeiro semestre deste ano, foi reduzido em 4.345.
Inscrições canceladas na Caixa Geral de Aposentações, por outra via que não a reforma, com admissão na Segurança Social de funcionários, foi malabarismo verbal, ainda que confuso, do ministro das Finanças, para suportar as suas contas. Mas nem mesmo esses malabarismos foram suficientes para chegar à tal promessa (mais uma não cumprida) de só ser admitido um funcionário por cada dois aposentados.
A verdade é que o O.E. para 2006, previa já um crescimento, nas despesas com pessoal em regime de contrato individual, de 152%, relativamente a 2004.

Das três, uma:
- Ou os dados do "Boletim de Execução Orçamental" estão errados e o ministro devia demitir os funcionários, que o elaboram, por manifesta incompetência;
- Ou os dados estão certos e o ministro deveria demitir os funcionários, por terem a ousadia de desmascarar as suas contas;
- Ou a falácia produzida no Parlamento é prova de que a equipa Sócrates continua a frequentar (direitinho), as acções de formação de "diarreia verbal", tão do agrado do seu mentor e, naturalmente indispenáveis para que a carneirística inteligência dos seus seguidores se sinta reconfortada, ainda que inúteis quando se trata de tapar os olhos a quem pensa.


PARÁBOLA

É assim que se resume,
Duma forma adequada
O vilão que muito assume,
Mas que pouco faz, ou nada.

"Presunção, ou água benta,
Cada qual toma a que quer",
Diz o povo, que sustenta
Em ditado, o seu saber.

E, se quando o diz, resume
A distância da vaidade
Às razões da humildade,

No dizer, também assume
O sentir de muita gente,
Que não diz tudo o que sente.


Vítor Cintra

No livro: ECOS

9 Comentários::

At 31/8/06 4:19 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Vitor, ainda com aquela dúvida "cruel": Vitor Silva, Vitor Cintra.Mas nada disso impede que eu aguarde com ansiedade tua visita para falar-inteligentemente- sobre as minhas escolhas.Um beijo azul e meu mail:carolana@terra.com.br
Até, amigo lindo!

 
At 31/8/06 11:08 da tarde, Blogger DIGNIDADE said...

Olá!
Mais uma crítica bem escrita e com um belo poema a emoldurá-la.
Felizmente, tal como tu, não me incluo nem na "carneirística inteligência dos seguidores", do texto, nem nos do povo "que pensam mas calam".
Quando regressares de férias (e eu voltar a ter placa móvel) temos que criar a nossa página de "escárnio e maldizer".
Um bj!

 
At 1/9/06 12:00 da manhã, Blogger Rose said...

Vitor, confesso que hoje não li o post, desculpe.
Vim te dizer que vc está lá no Poemas e Amores
abraços

 
At 1/9/06 1:50 da manhã, Blogger Um Poema said...

Dignidade,
É uma proposta tentadora. Porque não?... O que não faltam são os motivos e, bem documentados.
Bjs

 
At 1/9/06 3:23 da tarde, Blogger Papoila said...

Vitor gostei deste olhar crítico sobre as contas públicas... Parabéns! Lá no campo deu à costa uma Gôndola que necessita de nós. Beijo

 
At 2/9/06 11:21 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Olá. Passo para desejar um bom fim de semana.
Estou de volta :)
Beijito.

 
At 4/9/06 3:25 da manhã, Blogger Saramar said...

Meu querido, se eu lhe contar os números do Brasil, provavelmente pensaria que estou louca porque o último governante empregou mais de 110 (cento e dez) mil servidores do Estado, tendo criado mais de 20 novos órgãos públicos para abrigar seus acólitos.
Sei que as proporções são infinitamente diferentes, mas faça os cálculos, por favor e depois me diga quem abusou mais dos cidadãos.

beijos e excelente semana para você.

 
At 4/9/06 2:29 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Ler essas denúncias e seus poemas, tornam ainda maior minha revolta com tudo que também acontece no Brasil... abraço

 
At 5/9/06 8:52 da tarde, Blogger Teresa Durães said...

O maior índice de gente que entra é para o Poder Local e Ministério da Defesa. Nos outros está realmente a diminuir (excepto, claro, nas assessorias, grupos criados não se sabe para quê mas esses vêm directamente das secretarias de estado, não são nós os pobre coitados funcionários públicos de aumentos a 1,qualquer coisa %).

E o défice existe devido ao dinheiro que vai para as Câmaras que no Central diminui pelo menos de seis em seis meses. Onde trabalho chega a não existirem ratos (de computador) para substituir se avariarem nem DVD's para copiar para se vender ao público... assim está o estado.

Melhorias? (com quê? quando? com quem?)Claro que nada fazemos, o funcionário público. Quando nos deixam (quando), não temos meios.

Adiante. Sorrindo acenando e andando!

Boas férias para si.

 

Enviar um comentário

<< Home