sexta-feira, janeiro 25, 2008

A GUERRA


O nº 342 da revista COMBATENTE, em editorial da autoria do Tenente General Joaquim Chito Rodrigues, publica um artigo intitulado "A GUERRA" de que destacamos o excerto que segue:

«Quarenta anos depois, os momentos por que passámos voltam a ser notícia.
A Guerra na prática só tem um nome: Guerra.
Todos os adjectivos com que teoricamente a possam emoldurar (colonialista, ultramarina, subserviva, revolucionária, convencional, nuclear, de libertação...) não a desfiguram.
Continua a ser... a Guerra. Nela se morre ou se sobrevive.
Por isso, quem fraqueja no diálogo e decide empregar a força, mandando fazer a Guerra, deve fazê-lo em nome de valores e interesses considerados vitais. Aqueles a quem cabe fazê-la têm que acreditar que assim acontece.
É um fenómeno tão complexo como dramático. Sendo um problema de vontades que se opõem, visando a destruição da oponente, a Guerra não se resume a um problema de prós e contras. Nem tão pouco a uma análise crítica de algumas imagens, também elas críticas, que à posteriori se compilam para serem observadas comodamente, olhando a televisão ou o cinema.
O mais preocupante é verificar que a Guerra se reconstrói colocando aqui uma imagem, aproveitando ali uma frase.
As que mais convêm ao juízo final que se pretende.
Só quando aqueles que decidiram mandar fazer a Guerra, os que a fizeram e os que sofreram as suas consequências desaparecem do mapa dos vivos, as feridas cicatrizam e os documentos deixam de estar embebidos em sangue vivo.
Então, o tempo e a equidistância permitirão os historiadores isentos julgarem.
Temos esperança que quando fizerem o julgamento do comportamento estratégico e táctico das Forças Armadas Portuguesas na Guerra em que participaram de 1961 a 1974 em Angola, Moçambique e Guiné, concluam ter-se tratado de um notável feito de armas.»
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F R U S T R A D O S
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Não sinto qualquer sombra de remorso
Por ter, no cumprimento do dever,
Vestido o uniforme e por fazer
A guerra - que, alguns dizem, foi de corso -.
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Não fiz, que fosse errado, qualquer acto,
Julgado, em consciência, condenável;
Vivi numa tensão insuportável,
Mas sempre procedi de modo exacto.
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Não tendo voz activa quem critica,
Tornado desertor, por cobardia,
A braços com fantasmas, cada dia,
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Somente o 'bem dizer' o prejudica;
Por isso, condenando o que ignora,
Repete o 'mal dizer' a toda a hora.
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Vítor Cintra
No livro: RECADOS

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Adeus OTA?

(imagem recolhida na internet)

É realmente espantosa a reacção de certos "demokratas" quando lhes tocam na horta. Não há limites para eles. É tal a ganância, que qualquer contrariedade, por maior que seja a evidência que a fundamenta, faz saltar o "verniz".
Concordemos que, a ser verdade o que se diz sobre certas especulações imobiliárias, preterir a Ota em prol do "deserto", apesar do "risco das bombas" nas pontes, é mais do que motivo para indignação.
E, lá diz o povo que, quem não é por nós... vai ter-nos como inimigo.
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D E S A G R A V O
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Os crimes cometidos por traição,
Por medo, por inveja, ou cobardia,
Por conivência, ou simples omissão,
Não ficarão calados um só dia.
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Surgidos dos exílios de lazer,
- Vergonha dum passado feito História-
Guindámos às cadeiras do poder
Os homons de mais triste e má memória.
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Farrapos, já, dum povo enobrecido
Por feitos grandiosos, no passado,
Mimámos a escumalha da nação;
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Mas breve há-de surgir a geração
Que lave o luso nome, emporcalhado
Por trastes sem vergonha e punho erguido.
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Vítor Cintra
No livro: VERTIGEM