quarta-feira, setembro 27, 2006

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

"Jobs for the boys"

O Diário de Notícias, na sua edição de 15 de Setembro de 2006, publica, da autoria de Susete Francisco, uma entrevista com Jaime Gama, Presidente da Assembleia da República, de que se transcreve a nota introdutória:

"A entrar no segundo ano como presidente da Assemblea da República (AR), Jaime Gama defende que a sessão legislativa que hoje se inicia é a altura ideal para discutir a reforma eleitoral. E mostra-se favorável à criação de círculos uninominais, acompanhada por uma redução no número de deputados - no que vai contra a posição do PS, aproximando-se das teses defendidas pelo PSD. Sobre as faltas dos deputados na última sessão, diz confiar que não se repita."
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Este trabalho sugere algumas considerações, que não devem ser deixadas sem uma referência. Desde logo:
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a) O reconhecimento implícito, por parte do presidente da AR, de que o número de deputados é injustificadamente excessivo. O que, de resto, só os políticos parecem não perceber.
b) O admitir da criação de círculos uninominais. Única forma de representatividade democrática real, aliás, capaz de permitir que os eleitores exijam responsabilidades aos seus eleitos.
c) O confessar do absentismo dos deputados que, na última sessão legislativa, atingiu dimensões de escândalo, entretanto convenientemente abafado (como sempre), apesar dos resultados do tal 'rigoroso inquérito', também convenientemente anunciado, terem ficado, convenientemente, arquivados numa qualquer gaveta.
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L E G I S L A D O R E S
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Sem terem lugar's marcados,
Sentaram-se os deputados
Nos bancos do Parlamento
E, só depois de sentados,
Descobrem que estão trocados
Os bancos de seu assento.
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Confusos, em desalinho,
Procuram tomar caminho
Dos grupos parlamentares,
Mas nenhum deles sozinho
Consegue, no burburinho,
Saber onde estão seus pares.
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Vão altas as gritarias
"Despejem as galerias!"
É ordem que se ouve então;
Que nunca tais arrelias
Demonstrem o quão vazias
As mentes, eleitas, são.
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Palavras de desconcerto
Protestam do desacerto,
Que reina pela bancada,
Até que o Santos 'esperto',
Arbitra o debate aberto
Das vozes, que dizem nada.
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Vítor Cintra
No livro: DIVAGANDO

sábado, setembro 23, 2006

ILHAS DESERTAS E SELVAGENS - Reservas naturais

ILHAS DESERTAS

A Reserva Natural das Ilhas Desertas é constituída por três ilhas de natureza vulcânica. Deserta Grande, Bugio e Ilhéu Chão.
Trata-se de uma importante Reserva para a conservação do lobo marinho. Mas a sua importância é também relevante para aves marinhas, como a "freira do bugio" a a "alma negra", esta última constituindo mesmo a maior colónia da espécie em todo o mundo.


ILHAS SELVAGENS

A Reserva Natural das Ilhas Selvagens é constituída por três pequenas ilhas de origem vulcânica. Selvagem Grande, Selvagem Pequena e Ilhéu de Fora.
Sendo, no arquipélago da Madeira, a primeira área classificada, foi uma das primeiras Reservas Naturais de Portugal e a única a receber o Diploma Europeu do Conselho da Europa.
Esta reserva é 'habitat' de plantas únicas no Mundo, em ecossistemas inalterados. Alberga ainda uma comunidade de aves marinhas, como o "calcamar", a "alma negra", o "roque de castro", o "pintaínho", além da "cagarra" que, aqui, tem a maior colónia do mundo.
(Fonte de informação: The Best Guide)
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DESERTAS
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Perdida nas visões de encantamento
A alma, deslumbrada por miragens,
Vagueia, num encontro de momento,
Na breve silhueta das Selvagens.
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São tantas as belezas descobertas,
Que a mão da Natureza aqui gravou,
Que, mesmo nas chamadas de Desertas,
Algumas das belezas lá deixou.
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E o homem, predador ambiental,
Ciente do seu próprio desatino,
Cuidou de acautelar um mau destino.
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Chamando-lhes 'Reserva Natural'
Defende o equilíbrio dessas ilhas,
Mas priva-se das suas maravilhas.
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Vítor Cintra
No livro: RELANCES

terça-feira, setembro 19, 2006

LUSITANOS - Histórias de coragem.


(Imagem recolhida no blog 'guardiapretoriana')

Sob o título "A nossa herança romana" a revista trimestral do Clube do Coleccionador de Junho último (ano XXI, nº 2), publica um trabalho de que transcrevo esta passagem:

"... no começo da II Guerra Púnica (218-201 a.C.), os Romanos empreenderam a conquista da Hispânia. Em Agosto de 218 a.C. desembarcou em Ampúrias, a norte de Barcelona, um exército comandado por Gneu Cornélio Cipião. No entanto, os Romanos só entraram no actual território português quarenta anos mais tarde. A conquista de toda a região ocidental da Hispânia foi muito árdua e muito sofrida para os Romanos.
Só foi dada como concluída em 19 a.C. no final da guerra contra os Calaicos, Astures e Cântabros, que durou dez anos. Os períodos de apogeu da resistência lusitana tiveram lugar entre 147 e 139 a.C., sob o comando de Viriato, e de 80 a 72 a.C., sob a liderança de Sertório. Foram necessárias as intervenções de Décimo Júlio Bruto e de Júlio César, que foram decisivas para a conquista do território dos Lusitanos e dos Calaicos."


VIRIATO

Surgindo, de surpresa, das quebradas,
Descido dos Hermínios, Viriato,
À frente dos guerreiros lusitanos
- Tornados pesadelo dos romanos -,
Lançou nas legiões mor desbarato,
Com golpes de perícia e emboscadas.

Após tantos desaires, que há sofrido
Por causa da codícia demonstrada,
Da força e da coragem desse luso,
Ficou o grande império bem confuso.
Em busca duma paz negociada,
Propôs ceder favor nunca cedido.

De Roma veio lesto Cipião,
Co' a trégua, que se disse, instituída
- Sete anos de combates decorridos -.
Mas quando os lusitanos, iludidos
Co' a paz, foram cuidar da nova vida,
Na sombra ganhou corpo uma traição.


Vítor Cintra

Do livro: HORIZONTES

sexta-feira, setembro 15, 2006

PRAIA DO PEDRÓGÃO - Dias de descanso.


Noutros tempos, um pouco por toda a costa portuguesa, se praticou este tipo de pesca artesanal, denominado "Arte Xávega". Até há bem poucos anos ainda, constituiu, para muita gente da beira praia, o principal meio de subsistência. Outros métodos mais rentáveis de captura, porém, condenaram a pesca artesanal ao desaparecimento.
Por aqui, contudo, como actividade complementar, aos fins de semana, ainda há companhas na faina.
Noutros tempos eram as varinas, canasta à cabeça e pregão, quem garantia o escoamento do pescado. Extinta essa actividade resta agora, nas lotas do areal, a licitação dos restaurantes locais e dos vereaneantes, para que a Arte Xávega não desapareça definitivamente.
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P E S C A D O R
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Olhando o oceano, o pescador
Mergulha na distância o olhar triste,
Alheia-se do mundo ao seu redor
E vive da lembrança, que persiste.
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É velho!... Já não pode, agora, tanto!...
O tempo, que o 'sgotou pelo cansaço,
Aumenta-lhe na alma a dor do pranto,
Que o rosto não chorou, por embaraço.
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Aos netos, com saber outrora feito,
Contando vai lições, que tem da vida,
Sem nunca confessar que foi sofrida.
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Cansado, o coração mantém, no peito,
Cadência de batida. Ainda assim,
Ao som do marulhar do mar sem fim.
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Vítor Cintra
No livro: DIVAGANDO

domingo, setembro 10, 2006

FLORES - Ilha das Caldeiras



A primeira vez que pisei a Ilha das Flores, senti-me envolvido por um halo de magia, que ainda hoje tenho presente.
Não sei se foi devido à maravilha de cambiantes do céu, numa espantosa paleta entre os rosas, os azuis e os cinzentos, contrastando com a imensidão de um mar, muito azul, em que os raios do sol poente rasgavam esteiras de luz, ou se foi a tranquilidade de Sta. Cruz, em contraste com a agitação de Lisboa, de onde saíra escassas horas antes. Mas, confesso, foi um choque mágico que perdurou nos quatro dias da estadia.

Foi meu guia um homem que soube mostrar-me e explicar-me toda a ilha, a vida e os costumes e que, sem que necessitasse dizer-lhe, parecia saber interpretar os meus gostos e ânsias de conhecimento.
Interessando-se também por todos os lugares, quer aqueles de onde eu vinha quer os que visitara, mantinha fácil a conversa.
Com muita simplicidade, naturalidade e graça, contou-me o seu dia a dia. Resumia-o assim:
Das 00,00 às 08,00 horas era o seu tempo de trabalho (na EDA - empresa da electricidade). Das restantes dezasseis hora do seu dia, reservava oito para dormir e seis para andar no taxi, ao volante do qual conhecia o mundo, pelos olhos de gente como eu. Quando o questionei sobre as restantes duas horas, respondeu-me, convincente e convicto: "Essas estão reservadas para aturar a mulher, que também tem direito."
Foi pela mão do incomparável Sr. Soares que percorri toda a ilha e, no segundo dia da minha estada (último domingo do mês de Junho), conheci e compartilhei a célebre sopa do Espírito Santo que os florianos confeccionam para toda a ilha.
Uma delícia, pela qual cerca de 4.000 comensais esperam, pacientemente e em amena cavaqueira, a sua vez.


ILHA DAS FLORES

Impões-te no mar largo, a ocidente,
Pintando o oceano de mil cores.
E, fruto desse encanto, terra e gentes,
Surgiu este teu nome 'Ilha das Flores'.

O mar te acaricia, meigamente,
Ou bate e se desfaz nos teus escolhos.
O Corvo, que se eleva à tua frente,
Desenha os seus contornos a teus olhos.

As lendas, dum passado que é nubloso,
Evocam os vulcões e os atlantes,
Em ti coexistindo, tempos antes.

O certo é ter el-rei, "O Venturoso",
Dos Teives recebido a boa nova,
Que a H'stória nos relata, como prova.

Vítor Cintra

No livro: CONTRASTES

terça-feira, setembro 05, 2006

EQUIPA BLOGUEIROS disse...



Parabens !Seu blog foi escolhido para concorrer ao premio mensal The Best da Gazeta do Blogueiro.
A votação ja iniciou e irá ate dia 15/09 .
Acesse o site da GB e veja as informações sobre a votação .
Parabens e Boa sorte !
Equipe GB
http://www.blogueiros.com/

Para os amigos que acharem que vale a pena votar neste blog, fica o nosso agradecimento.