"Jobs for the boys"
O Diário de Notícias, na sua edição de 15 de Setembro de 2006, publica, da autoria de Susete Francisco, uma entrevista com Jaime Gama, Presidente da Assembleia da República, de que se transcreve a nota introdutória:
"A entrar no segundo ano como presidente da Assemblea da República (AR), Jaime Gama defende que a sessão legislativa que hoje se inicia é a altura ideal para discutir a reforma eleitoral. E mostra-se favorável à criação de círculos uninominais, acompanhada por uma redução no número de deputados - no que vai contra a posição do PS, aproximando-se das teses defendidas pelo PSD. Sobre as faltas dos deputados na última sessão, diz confiar que não se repita."
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Este trabalho sugere algumas considerações, que não devem ser deixadas sem uma referência. Desde logo:
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a) O reconhecimento implícito, por parte do presidente da AR, de que o número de deputados é injustificadamente excessivo. O que, de resto, só os políticos parecem não perceber.
b) O admitir da criação de círculos uninominais. Única forma de representatividade democrática real, aliás, capaz de permitir que os eleitores exijam responsabilidades aos seus eleitos.
c) O confessar do absentismo dos deputados que, na última sessão legislativa, atingiu dimensões de escândalo, entretanto convenientemente abafado (como sempre), apesar dos resultados do tal 'rigoroso inquérito', também convenientemente anunciado, terem ficado, convenientemente, arquivados numa qualquer gaveta.
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L E G I S L A D O R E S
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Sem terem lugar's marcados,
Sentaram-se os deputados
Nos bancos do Parlamento
E, só depois de sentados,
Descobrem que estão trocados
Os bancos de seu assento.
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Confusos, em desalinho,
Procuram tomar caminho
Dos grupos parlamentares,
Mas nenhum deles sozinho
Consegue, no burburinho,
Saber onde estão seus pares.
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Vão altas as gritarias
"Despejem as galerias!"
É ordem que se ouve então;
Que nunca tais arrelias
Demonstrem o quão vazias
As mentes, eleitas, são.
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Palavras de desconcerto
Protestam do desacerto,
Que reina pela bancada,
Até que o Santos 'esperto',
Arbitra o debate aberto
Das vozes, que dizem nada.
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Vítor Cintra
No livro: DIVAGANDO