Liberdade... ou ditadura partidária?
António Capucho, Presidente da Câmara Municipal de Cascais defendeu, em entrevista ao Correio da Manhã, a redução do número de deputados.
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«Não acredito na operacionalidade nem na democraticidade das instituições parlamentares de dimensão excessiva. Fui líder parlamentar em duas circunstâncias e mais tarde ministro dos Assuntos Parlamentares. Sei do que falo: 50 deputados são suficientes para desempenhar cabalmente as competências constitucionais da Assembleia da República, sem prejuízo para a representatividade das forças partidárias e das regiões.»
Estas são, segundo a revista Sábado, palavras de António Capucho.
Quanto a mim, parece-me que este modelo de representatividade, exclusivamente partidária, onde a chamada "disciplina de voto" permite DITAR a vontade dum qualquer interesse (seja do DITADOR do partido, por mais imbecil que ele seja, ou do seu bando), já demonstrou, de forma cabal, o inviesamento do sistema, a que os priviligiados continuam a chamar de "democrático".
Que 50 deputados sejam suficientes, não restam dúvidas nenhumas, desde que esses deputados respondam perante os seus eleitores e NUNCA perante o "ditador" do seu partido. A não ser assim, até os 50 são demasiados, pois hão-de colocar sempre interesses clientelistas acima dos interesses da grei.
Em tempo de crise, não seria uma medida patriótica acabar com todo este parasitismo político?
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C E P T I C I S M O
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Além de ter passado a vida toda
Cumprindo o que julgava ser o certo,
Sou velho p'ra abraçar agora a moda
De dar valor diferente ao que está perto.
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Não creio haver políticos honestos;
São duas condições que não combinam.
Mas há aí, também, como no resto,
Pessoas esforçadas, que me animam.
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Pedir ao povo fé no Parlamento
Sem que, dali, lhe venha coisa em troca,
Além de muita "treta" e puco tento,
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É como mascarar um sentimento
De culpa, que a mudança nos provoca,
Se nisso for quebrado um juramento.
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Vítor Cintra
No livro: RECADOS