MORREU O POETA ALBERTO LACERDA
Segundo Eugénio Lisboa, foi o escritor Ian McEwan, amigo de Lacerda, quem, estranhando a ausência do poeta, com quem combinara almoçar, tomou primeiramente conhecimento da sua morte.
Quando o autor de «Expiação» chegou a casa de Lacerda, já este estava em coma. A sua morte ocorreu no domingo em Londres.
Para Lisboa, seu amigo e conterrâneo - são ambos naturais de Lourenço Marques, hoje Maputo - Lacerda é «um dos maiores poetas de língua portuguesa do século XX», um poeta «que tinha uma verdadeira paixão pela língua».
«Ele é um - qualificou - dos líricos mais puros da língua portuguesa. Era igualmente um homem de grandes convicções políticas. Era de esquerda. A sua poesia, embora contaminada por uma grande empatia com o sofrimento humano, em nada alterava o seu lirismo».
Diário Digital / Lusa
Ao poeta, intelectual honesto, que os medíocres da (in)cultura doméstica ignoraram, aqui fica a homenagem simples mas sentida.
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P O E T A
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Ser poeta... é delirar,
Delirar alegre, ou triste,
Fazer versos é sonhar
Co' aquilo que não existe.
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Ser poeta... é esquecer,
Da vida a realidade,
É, num abraço, abranger
O mundo e a eternidade.
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Ser poeta, realmente,
É viver da ilusão
Nas horas de solidão,
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É escrever o que se sente
Dando asas, livremente,
À nossa imaginação.
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Vítor Cintra
No livro: DISPERSOS