segunda-feira, janeiro 26, 2009

Freeport - Onde há fumo...

(imagem recolhida na internet)

Embora a minha fé na honestidade dos políticos seja pouca - para não dizer nenhuma - tenho alguma dificuldade em acreditar que se possa, impunemente, ir tão longe como se tem vindo a insinuar.
Além do mais, até que se prove o contrário - num estado de direito(?) deverá ser assim - todo o suspeito se presume inocente.
Mas que há coisas estranhas... lá isso há. Vejamos algumas:

1) Porque é que o sr. "engenheiro", - ignorando completamente as datas em que as coisas aconteceram - e num desrespeito incompreensível pela independência judicial, se permite declarar que "este assunto vem sempre à baila em períodos eleitorais"?...
Será que a Justiça deve parar quando está em causa a imagem de alguma "vaca sagrada", ou a declaração pretende levantar suspeitas sobre a independência do Sr. Procurador Geral?...

2) Porque é que de repente aparece, na televisão, na rádio, nos jornais, disparando em todas as direcções, um ilustre desconhecido, ex-secretário de estado, com um discurso mais ou menos disparatado, que tão depressa diz, com o maior despudor que, apesar de ter sido violado um D.L, não houve ilegalidade nenhuma, como logo afirma que, embora tendo sido apenas Secretário de Estado, e apesar do Ministro (o sr. engenheiro) seu superior, estar a par de todo o processo, foi ele (ex-secretário) o único e exclusivo responsável pela decisão, não tendo o ministro qualquer responsabilidade?... Inédito!
Afinal os ministros são apenas figuras decorativas?...

A lista de disparates e confusões é tão extensa que é impossível não levantar interrogações.
Vamos esperar para ver se a Justiça segue, ou... faz intervalo(?)
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D I T A D O S
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«Onde há fumo, há fogo!»
Pensa o sabichão;
«Quem entra no jogo,
Não joga sem mão».
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«Quem fez uma aposta,
Julgou ter certeza;
Quem perde não gosta,
Só ganha pobreza!»
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«Em causa perdida
O certo, ou errado,
Tornou-se garrote!»
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P'ra tudo na vida
Há sempre um ditado
Que lhe dá o mote.

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Vítor Cintra
No livro: RECADOS

sábado, janeiro 17, 2009

GUINÉ - Podia ter sido diferente?

(imagem recolhida na internet)

Assinado pelo sr. Coronel Vaz Antunes, a revista "O Combatente", de Dezembro de 2008, publica um artigo de cujo conteúdo, destaco o seguinte trecho:
«...
A noite estava cerrada. Na nossa frente viam-se as luzes duma povoação senegalesa. Caminhávamos em silêncio. Chegàmos ao local indicado pelo mensageiro da bicicleta, cerca de 1 km. dentro do Senegal, quando se notou a aproximação de um automóvel que parou a duas centenas de metros, do qual saíram dois indivíduos que se dirigiram para nós a pé.
Era o nosso interlocutor.
O agente fez as apresentações e eu estendi-lhe a mão, o que segundo soube mais tarde, o sensibilizou muito. Ele era o representante do PAIGC.
O interlucotor foi directo:
Não venho tratar de nenhum assunto pessoal nem de grupo restrito. Trata-se sim de problemas que dizem respeito a todos os combatentes do PAIGC.
Andamos já há dez anos nesta luta. Somos agora menos do que quando começàmos. Actualmente não nos entendemos com o escalão político. Eles são cabo verdeanos e comunistas, e nós somos guinéus, combatentes e não comunistas. Desejamos apenas uma Guiné melhor. Já chegàmos à conclusão de que, sozinhos, não somos capazes de a fazer, mas se-lo-emos convosco.
A nossa proposta é muito simples: em dia e hora que se combine acaba a guerra, nós seremos integrados nas forças da Guiné, sem recriminação nem vingança; e depois juntos, faremos a Guiné melhor. Tudo isto tem que ser combinado em curto espaço de tempo e com o maior segredo, porque se for descoberto antes do tal dia e hora terei a mesma sorte que outros companheiros meus já tiveram.
...»
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Sem comentários!
Apenas a minha homenagem ao sr. Coronel Vaz Antunes.
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A M A R G A S
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Amarga foi a forma que, imposta,
Nos fez abandonar aquela gente
E que não só podia ser dif'rente
Mas muito mais leal, como resposta.
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Amarga, na traição que, cometida
Em nome duma falsa liberdade,
Pagou com abandono a lealdade,
De quantos lá viveram toda a vida.
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Amargas são as lágrimas choradas
Por cada um dos velhos camaradas,
Memórias dos soldados que caíram.
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Amargas, mais que as horas de combate,
Os sinos não tocarem a rebate,
Por mortos que os governos omitiram.
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Vítor Cintra
No livro: RECADOS

segunda-feira, janeiro 12, 2009

A minha forma de vos agradecer...

Desligue a música de fundo antes de accionar o vídeo


... a todos os amigos que ontem me escreveram, publicamente ou particularmente.

domingo, janeiro 11, 2009

SELO DARDOS


É a segunda vez que alguém decide que esta página deve ser distinguida com este selo.
Desta feita a distinção é concedida pela amiga Vera Silva. É dela, também, que copio a definição que deve presidir à atribuição deste selo.
“Com o Prémio Dardos reconhecem-se os valores que cada blogger, emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc., que, em suma, demonstram a sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras. Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os bloggers, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web”.
E, tendo em conta a definição transcrita, há três amigos que julgo ser justo que ostentem este selo, exactamente pelo seu contributo na divulgação de valores éticos, literários e culturais.

OFICINA DE PALAVRAS - Odele
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A eles, com um abraço de amizade, dedico este poema:
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D E S C O B R I R
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Descobrir a importância
Do que, em nós, é positivo
É, de certo, lenitivo,
Que adquire relevância,
Sobretudo quando a ânsia,
Por instinto depressivo
- Tantas vezes compulsivo -
Nos isola na distância.
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Vítor Cintra
No livro: HORIZONTES

segunda-feira, janeiro 05, 2009

DIGNIDADE - General Ramalho Eanes

(imagem recolhida na internet)

Através de notícia divulgada pelo «Diário de Notícias», os mais atentos tiveram oportunidade de saber que, o Sr. General Ramalho Eanes voltou a dar uma lição de DIGNIDADE, ao recusar-se a receber um montante superior a UM MILHÃO DE EUROS, que lhe quiseram atribuir, a título de retroactivos, com base numa nova lei que veio permitir aos ex-Presidentes da República que acumulem a respectiva pensão com outras a que tenham direito.
Já em tempos distantes (logo após o 25 de Novembro), o General Eanes, numa atitude de igual dignidade, havia recusado receber o diferencial de vencimento do seu posto efectivo (Tenente-Coronel) para o posto em que foi graduado para o desempenho das funções de Chefe do Estado Maior do Exército (General de 4 estrelas).
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É óbvio que a chamada Comunicação Social - comprometedoramente engajada à mesa do Orçamento - ocupada e preocupada com outras questões, de (des)informação, ignorou a atitude de DIGNIDADE do Sr. General Ramalho Eanes, omitindo-a. Talvez por considerar o valor em questão uma quantia "insignificante" ou até, quem sabe, por considerar que a atitude é contrária aos interesses e comportamentos dos seus patronos e mentores.
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G A N Â N C I A
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Não basta pretender ganhar fortuna
À custa de princípios, ou direitos,
Pensando que os destinos 'stão sujeitos
À força, sem razão, inoportuna.
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Quem anda por caminhos duvidosos
Em busca de fortuna, que não tem,
Acaba, certo dia, sem ninguém,
Carpindo os seus triunfos, ruinosos.
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Não há maior fortuna que ser pobre,
Mas ter, na rectidão e na prudência,
A força que dá paz à consciência;
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Pois quem juntar riqueza, que lhe sobre,
Acaba moralmente prisioneiro
Daquilo que se paga com dinheiro.

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Vítor Cintra
No livro: DIVAGANDO