domingo, dezembro 28, 2008

FELIZ 2009


A todos os amigos que, durante o ano de 2008, aqui vieram, aos que deixaram os seus comentários e aos que optaram por nada dizer, quero deixar um abraço de agradecimento pela amizade, e desejar que 2009 seja, para todos, um ano de paz, saúde, amor e prosperidade.


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Amigo é aquele que, sem nada pedir:
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- Se alegra com a nossa felicidade;
- Compartilha a nossa infelicidade;
- Se preocupa com as nossas tribulações;
- Nos ajuda nas nossas dificuldades;
- Está presente nas nossas necessidades.

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Vítor Cintra
No livro: AO ACASO

domingo, dezembro 21, 2008

BOM NATAL para todos!

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R E S P E I T O
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Pelas beiras dos caminhos
Sabe Deus quantos velhinhos
Andarão neste Natal,
Sem que o mundo à sua frente
Lhes prometa que o presente
Não será sempre o normal.
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Quando o hoje é semelhante
Ao passado já distante,
Como o ontem foi igual,
O futuro não existe
Num presente, que é tão triste,
Sem prever melhor final.
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O saber de muitos povos
Determina que os mais novos
Reconheçam ao idoso,
Na velhice, ter direito
A viver com mais respeito
E um pouco de repouso.
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Mas serão tão atrasados
Esses povos, apontados
Como gente mais selvagem?...
Ou será que o ocidente,
Se tornou tão indif'rente
Que recusa apendizagem?...
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Vítor Cintra
No livro: RELANCES

quarta-feira, dezembro 17, 2008

MORAL DE UMA HISTÓRIA IMORAL

(imagem recolhida na internet)
Este texto de Gonçalo Portocarrero de Almada que em 2008-09-20 o "Público" nos deu a conhecer, é bem o espelho da inversão de valores a que os políticos nos conduziram.
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«Quer uma relação para toda a vida? Faça um contrato de trabalho, mas não case!
A disparatada ideia de um matrimónio indissolúvel esteve em voga nos últimos dois mil anos. Modernamente, achou-se que era muito monótono um casamento para sempre e, por isso, inventou-se o casamento a prazo, ou seja, precário.
Ao princípio, a lei entendia dever proteger os interesses dos filhos e do cônjuge contra os quais era pedido o divórcio. Mas como um tal conceito de culpa ou de responsabilidade parecia contrário à moralidade laica, entenderam agora os deputados que o matrimónio deve ser revogável em qualquer caso, mesmo a pedido do cônjuge faltoso.
Esta moderna liberdade democrática mais não é, portanto, do que uma nova versão do antigo repúdio.
A possibilidade do despedimento do cônjuge, sem necessidade de nenhuma razão, não tem contudo paralelo na legislação laboral, onde se exige que a entidade patronal seja mais respeitosa dos direitos dos seus assalariados. Quer isto dizer, em poucas palavras, que o patrão pode agora mandar bugiar a sua patroa sem necessidade de se justificar e até mesmo depois de a ter sovado, mas já não pode despedir com a mesma liberalidade a sua secretária, pois, para um tal desatino, a lei exige-lhe uma justa causa.
A incongruência entre os dois regimes legais é de feição a concluir que o Estado prefere as empresas às famílias; ama mais o lucro do que a moral. Mas também ensina que quem quiser uma duradoira relação pessoal deve optar pelo contrato de trabalho e nunca pelo matrimónio, do mesmo modo como quem pretenda um vínculo contratual facilmente rescindível deve casar-se e nunca enveredar por um contrato laboral.
Quer estabelecer uma relação estável, com uma pessoa do outro sexo, contando para o efeito com todas as garantias legais?... Pois bem, estabeleça com essa pessoa um contrato de trabalho e fique descansado, porque o Estado vai assegurar o fiel cumprimento desse pacto, ao contrário do que aconteceria se com ela casasse, porque o matrimónio é um vínculo tão precário que nem sequer se necessita nenhuma razão para proceder à sua extinção.
Se o problema é, pelo contrário, conseguir uma pessoa que assegure o serviço doméstico, sem perder a possibilidade legal de a despedir se a sua prestação não for satisfatória, mesmo que a lei não contemple esse caso para a rescisão do respectivo contrato laboral, a solução é simples: recorra a uma pessoa do outro sexo e case-se com ela, pois mesmo que não tenha qualquer razão que justifique legalmente o seu despedimento, o Estado garantirá a possibilidade de dela se divorciar quando e como quiser.
- Quer uma relação para toda a vida?... Faça um contrato de trabalho, mas não case!
- Quer uma relação precária, de que se possa desembaraçar quando quiser e sem necessidade de nenhuma causa justa?... Case, pois não há vínculo jurídico mais instável no sistema jurídico português!
Moral desta história imoral: empregue a pessoa que escolheu para parceiro de toda a sua vida e case com a sua mulher-a-dias!»
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O autor é Sacerdote, licenciado em Direito e doutorado em Filosofia.
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PARLAMENTARES

Se no parlamento,
Em algum momento,
Se falam verdades,
São os preconceitos,
Mais do que os direitos,
A moldar vontades.
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Qualquer argumento
Vale o testamento
Dessa malandragem,
Que, razão de monta,
P'ra eles só conta
Se trouxer vantagem.
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Consciência torta,
Pouco lhes importa
Quem transporta o facho,
A verdade pura
É sempre loucura,
Quando não dá tacho.
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Vítor Cintra
No livro: MOMENTOS

sábado, dezembro 13, 2008

C.Cavª 570 - Jantar do Natal

(imagem recolhida na internet)
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Os Natais de 1963, 1964 e 1965, foram passados e Moçambique, de camuflado vestido e arma por companheira.
Tínhamos então pouco mais de 20 anos, os sonhos haviam ficado para trás e o futuro era assunto em que não havia tempo para pensarmos.
Foram anos difíceis, é certo, mas ricos de fraternidade e partilha.
Ao nosso lado, noite e dia, caminhava, velando pela nossa segurança, aquele camarada, quase irmão, por quem também sacrificaríamos o mundo para garantir a sua defesa.
Hoje, o peso dos anos faz-se sentir. A juventude há muito que ficou pelo caminho. O mundo mudou. Mas a nossa amizade, cimentada nesses anos, mantém-se, enriquecida pela maturidade.
Já não somos uma Companhia de Cavalaria, tornámo-nos uma família. A Família 570. E é como família que, ano após ano, nos reunimos num "jantar de Natal", relembrando, desses anos, cada Natal que não festejàmos.
Hoje vai acontecer o jantar deste ano. Nele estarão também, presentes em espírito, todos aqueles camaradas que já partiram.
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Z A M B É Z I A
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Desta Zambézia, tão farta
De tudo o que a terra dá,
Saudades sente quem parta,
Levando, quando se aparta,
Vontade de voltar cá.

Saudades do sol poente,
Que pinta o céu de vermelho;
Saudades da sua gente
- Sorriso franco, tão quente -
Saudades do preto velho.

Saudades de tudo e nada,
Dos rios, vales e montes,
Dos sons da noite estrelada,
Do cheiro a terra molhada,
Dos ecos, dos horizontes.
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Vítor Cintra
No livro: AFAGOS

segunda-feira, dezembro 08, 2008

VILA VIÇOSA e a Padroeira

(imagem recolhida na internet)
Considerada uma das mais belas vilas alentejanas, foi testemunho do particular apreço de alguns dos mais destacados nomes da História de Portugal.
Recebeu-a, como dote, Dona Brites, noiva de D. Afonso IV. Recebeu-a também Leonor Teles, a bem-amada do rei D. Fernando.
Mais tarde, foi seu senhor D. Nuno Álvares Pereira, Condestável do reino e herói de Aljubarrota, por doação de D. João I, o «Mestre de Aviz».
Nela se ergue um dos mais importantes Paços, (que foram) da Casa de Bragança, onde, em 1640, residia de D. João, 8º Duque de Bragança, que veio a reinar como D. João IV, com o cognome de o «Restaurador».
Dentro das muralhas de Vila Viçosa, o santuário de N. Sra. da Conceição, tornou-se importante centro de devoção e peregrinação desde que, oito dias após o golpe que afastou do trono de Portugal a dinastia filipina de Castela, em gesto de reconhecimento pelo êxito, D. João IV, já então aclamado rei, coroou solenemente a imagem da Virgem, como Raínha e Padroeira de Portugal.
Desde então, nunca mais os reis de Portugal ostentaram coroa.
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SENHORA DA CONCEIÇÃO

Em Alcobaça a memória
Chama-te Mãe da Vitória,
Ao relembrar Santarém;
E, mais além, na Batalha,
Que o Mestre quis por mortalha,
És da Vitória também.
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Mas foi em Vila Viçosa
Que, Virgem Mãe, poderosa
Senhora da Conceição,
Abriste porta à coragem,
Abençoando a linhagem
Que resgatou a Nação.
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És, Santa Mãe, Padroeira,
Entre as rainhas, primeira,
Das terras de Portugal,
D. João o decretou
E o povo todo aclamou.
És devoção nacional!
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Vítor Cintra
No livro: AFAGOS

quinta-feira, dezembro 04, 2008

SANTA CATARINA - A catástrofe...

(Título da foto: Salvamento)


Os textos e a imagem foram-me enviados pela minha amiga Alvani, com quem me sinto solidário, pela catástrofe que atingiu a sua belíssima Santa Catarina.
A ti, Alvani, ao autor deste excelente texto e a todos os Santacatarinenses, dedico este post.

«Meus amigos,
Hoje 28 de Novembro de 2008 o sol saiu e conseguimos voltar a trabalhar.
A despeito de brincadeiras e comentários espirituosos normais sobre esta “folga forçada” a verdade é que nunca me senti tão feliz de voltar ao trabalho. Não somente pelo trabalho, pela instituição e pela própria tranqüilidade de ter aonde ganhar o pão, mas também por ser um sinal de que a vida está voltando ao normal aqui na nossa Itajaí.
As fotos que circulam na internet e os telejornais já nos dão as imagens claras de tudo que aconteceu então não vou me estender narrando e descrevendo as cenas vistas nestes dias. Todos vocês já sabem de cor. Eu quero mesmo é falar sobre lições aprendidas.
Por mais que teorias e leituras mil nos falem sobre isso ainda é surpreendente presenciar como uma tragédia desse porte pode fazer aflorar no ser humano os sentimentos mais nobres e os seus instintos mais primitivos.
As cenas e situações vividas neste final de semana prolongado em Itajaí nos fizeram chorar de alegria, raiva, tristeza e impotência. Fizeram-nos perder a fé no ser humano num segundo, para recuperar-la no seguinte. Fez-nos ver que sempre alguém se aproveitará da desgraça alheia, mas que também é mais fácil começar de novo quando todos se dão as mãos.
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Que aquela entidade superior que cada um acredita (Deus, Alá, Buda, GADU etc.) e da forma que cada um a concebe tenha piedade daqueles:
- Que se aproveitaram da situação para fazer saques em Supermercados, levando principalmente bebidas e cigarros
- Que saquearam uma farmácia levando medicamentos controlados, equipamentos e cofres e destruindo os produtos de primeira necessidade que ficaram assim como a estrutura física da mesma.
- Que pediam 5 reais por um litro de água mineral.
- Que chegaram a pedir 150 reais por um botijão de gás.
- Que foram pedir donativos de água e alimentos nas áreas secas pra vender nas áreas alagadas.
- Que foram comer e pegar roupas nos centros de triagem mesmo não tendo suas casas atingidas
- Que esperaram as pessoas saírem das suas casas para roubarem o que restava.
- Que fizeram pessoas dormir em telhados e lajes com frio e fome para não terem suas casas saqueadas.
- Que não sentiram preocupação por ninguém, algo está errado em seu coração.
- Que simplesmente fizeram de conta que nada acontecia, por estarem em áreas secas. .

Da mesma forma, que essa mesma entidade superior abençoe:
- Aqueles que atenderam ao chamado das rádios e se apresentaram no domingo no quartel dos bombeiros para ajudar de qualquer forma.
- Os bombeiros que tiveram paciência com a gente no quartel para nos instruir e nos orientar nas atividades que devíamos desenvolver.
- A turma das lanchas, os donos das lanchinhas de pescarias de fim de semana que rapidamente trouxeram seus barquinhos nas suas carretas e fizeram tanta diferença.
- À equipe da lancha, gente sensacional que parecia que nos conhecíamos de toda uma vida.
- Aos soldados do exército do Paraná e do Rio Grande do Sul.
- Aos bravos gaúchos, tantas vezes vitimas de nossas brincadeiras que trouxeram caminhões e caminhões de mantimentos.
- Aos cadetes da Academia da Polícia Militar que ainda em formação se portaram como veteranos.
- Aos Bombeiros e Polícias locais que resgataram, cuidaram , orientaram e auxiliaram de todas as formas, muitas vezes com as suas próprias casas embaixo das águas.
- Aos Médicos Voluntários.
- Às enfermeiras Voluntárias.
- Aos bombeiros do Paraná que trabalharam ombro a ombro com os nossos.
- Aos Helicópteros da Aeronáutica e Exército que fizeram os resgates nos locais de difícil acesso.
- Aos incansáveis do SAMU e das ambulâncias em geral, que não tiveram tempo nem pra respirar.
- Ao pessoal do Helicóptero da Polícia Militar de São Paulo, que mostrou que longo é o braço da solidariedade.
- Ao pessoal das rádios que manteve a população informada e manteve a esperança de quem estava isolado em casa.
- Aos estudantes que emprestaram seus físicos para carregar e descarregar caminhões nos centros de triagem.
- Às pessoas que cozinharam para milhares de estranhos.
- Ao empresário que não se identificou e entregou mais de mil marmitex no centro de triagem.
- A todos que doaram nem que seja uma peça de roupa.
- A todos que serviram nem que seja um copo de água a quem precisou.
- A todos que oraram por todos.
- Ao Brasil todo, que chorou nossos mortos e nossas perdas.
- Aos novos amigos que fiz no centro de triagem, na segunda-feira.
- A todos aqueles que me ligaram preocupados com a gente.
- A todos aqueles que ainda se preocupam por alguém.
- A todos aqueles que fizeram algo, mas eu não soube ou esqueci
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«Há alguns anos, numa grande enchente na Argentina um anônimo escreveu isto:
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COMEÇAR DE NOVO
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Eu tinha medo da escuridão
Até que as noites se fizeram longas e sem luz;
Eu não resistia ao frio facilmente
Até passar a noite molhado numa laje;
Eu tinha medo dos mortos
Até ter que dormir num cemitério;
Eu tinha rejeição por quem era de Buenos Aires
Até que me deram abrigo e alimento;
Eu tinha aversão a Judeus
Até darem remédios aos meus filhos;
Eu adorava exibir a minha nova jaqueta
Até dar ela a um garoto com hipotermia;
Eu escolhia cuidadosamente a minha comida
Até que tive fome;
Eu desconfiava da pele escura
Até que um braço forte me tirou da água;
Eu achava que tinha visto muita coisa
Até ver meu povo perambulando sem rumo pelas ruas;
Eu não gostava do cachorro do meu vizinho
Até naquela noite eu o ouvir ganir até se afogar;
Eu não lembrava os idosos
Até participar dos resgates;
Eu não sabia cozinhar
Até ter na minha frente uma panela com arroz e crianças com fome;
Eu achava que a minha casa era mais importante que as outras
Até ver todas cobertas pelas águas;
Eu tinha orgulho do meu nome e sobrenome
Até a gente se tornar todos seres anônimos;
Eu não ouvia rádio
Até ser ela que manteve a minha energia;
Eu criticava a bagunça dos estudantes
Até que eles, às centenas, me estenderam suas mãos solidárias;
Eu tinha segurança absoluta de como seriam meus próximos anos
Agora nem tanto;
Eu vivia numa comunidade com uma classe política
Mas agora espero que a correnteza tenha levado embora;
Eu não lembrava o nome de todos os estados
Agora guardo cada um no coração;
Eu não tinha boa memória
Talvez por isso eu não lembre de todo mundo, mas terei mesmo assim o que me resta de vida para agradecer a todos;
Eu não te conhecia
Agora você é meu irmão;
Tínhamos um rio
Agora somos parte dele.
É de manhã, já saiu o sol e não faz tanto frio, Graças a Deus.
Vamos começar de novo.

(Anônimo)
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É hora de recomeçar, e talvez seja hora de recomeçar não só materialmente. Talvez seja uma boa oportunidade de renascer, de se reinventar e de crescer como ser humano. Pelo menos é a minha hora, acredito.
Que Deus abençoe a todos. »

segunda-feira, dezembro 01, 2008

1 de Dezembro de 1640

(imagem recolhida na internet).

Ao longo da sua longa História, de cerca de 900 anos, muitas foram as épocas em que Portugal correu o risco de desaparecer como Nação soberana e independente.
Mas em todas essas crises surgiram homens capazes de salvarem a Pátria e não lhes faltou coragem para o fazerem.
Nenhum risco, porém, foi tão lato, nem tão negro, quanto os 60 anos da ocupação filipina. E se, nesse doloroso período da História, Portugal não deixou definitivamente de existir como Nação, isso se deve, em grande parte, aos insulares - Açores e Madeira - e aos territórios de além-mar - Goa, Macau e Timor, Moçambique e Brasil, Cabo Verde e Angola, onde a bandeira portuguesa sempre drapejou, apesar de todos os esforços de Castela para arreá-la.
Mas teria que ser, e foi, dentro do sagrado rectângulo ibérico que o destino se desenrolaria.
A História relata a saga dos 40 conjurados, a acção de João Pinto Ribeiro, elo de ligação entre eles e o Duque de Bragança, cuja visão, coragem e amor a Portugal levaram à acção de 1 de Dezembro de 1640 e o apoio de todo o povo, que levou à «RESTAURAÇÃO».
É essa Data e são esses Homens que hoje evocamos e homenageamos.

D. JOÃO IV
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Co'a morte de Miguel de Vasconcelos,
Valido da duquesa vice-rei,
No reino, procurando outros modelos,
Lançava-se em revolta toda a grei.

Surgiu então o Duque de Bragança,
Após se ter o golpe consumado,
Que, por ter assumido a liderança,
Início dava assim ao seu reinado.

De novo Portugal, uma Nação,
Vivia a independência restaurada,
Sabendo estar, apenas, começada.

E ao dar total apoio a D. João,
O povo o elegia seu senhor,
Chamando-lhe de Rei «Restaurador».

Vítor Cintra
No livro: HOMENAGEM