terça-feira, outubro 27, 2009

JUSTIÇA - O direito à irresponsabilidade?

(imagem recolhida na internet)
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Continua a ser angustiante o destino da pequena Alexandra, condenada ao exílio, por um mal amanhado projecto de juiz, que impunemente pontifica em Guimarães.
É chocante constatar a total irresponsabilidade com que a incompetência é protegida, neste país onde o direito é um mito e a justiça se tornou ficção, e parece ter, como única preocupação a protecção dos trastes, nem que para tanto, com o maior despudor, tenha que deixar cair a máscara.
Basta ver o tratamento que, por iniciativa de três conselheiros nomeados pelo P.S., foi dado pelo Conselho Superior de Magistratura ao Meretíssimo JUIZ, Dr. Rui Teixeira - homem correcto, JUIZ competente e incorruptível - ao congelar-lhe a avaliação (decisão que mereceu o repúdio da Associação Sindical de Juízes), além das represálias económicas exercidas, pelo poder político sobre o magistrado, e compará-la com a indiferença pelo destino da menina, resultante duma decisão incompetente, autêntico aborto jurídico, de tal modo incompreensível que, para o justificar, o seu irresponsável mentor chega ao extremo da mentira, para se ter a noção da degradação a que a justiça chegou e se perceber o seu engajamento ao poder político.
Não surpreende, assim, que a irresponsabilidade se acoite atrás dum cartão partidário como forma de garantir a impunidade.
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S I N T O M A S
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No teu rosto mágoa, sonho,
Alegria, dor, paixão,
O encanto, ou o medonho
Vazio no coração,
Um sorriso mais tristonho,
Confessando solidão,
São sintomas de que a vida,
Sendo intensa, é sofrida.
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Ficarei sempre a teu lado,
Mesmo que isso seja errado.
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Vítor Cintra
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No livro: Entre o Longe e o Distante

quarta-feira, outubro 21, 2009

A CRISE em contraponto

(imagem recolhida na internet)
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Esta crise financeira é, antes de mais, uma crise espiritual, ou, se quisermos, uma crise de valores.
É a crise de uma sociedade que promoveu o consumismo desenfreado e, agora abandona milhões de consumidores ao estrangulamento das dívidas que ela própria incentivou.
É a crise de uma sociedade que valoriza mais os lucros do capital do que o direito das pessoas à habitação, à educação, ao trabalho ou à saúde.
É a crise duma sociedade que dá um peixe mas recusa-se a ensinar a pescar, que promove a filosofia do "coitadinho" mas cala a solidariedade, que advoga a impunidade, o egoísmo, a incompetência, negando a justiça.
É a crise duma sociedade que idolatrou o dinheiro amesquinhando o amor, a integridade e até a sustentabilidade do planeta.
É a crise duma sociedade onde, por falta de valores, se pode ouvir uma qualquer múmia vulgarizar o sagrado, ou sacralizar o profano.
Mas é também a crise das políticas, das religiões, das organizações que promoveram ou pactuaram com esta idolatria, endeusando a usura.
Usura enquanto exaltação dos valores do dinheiro, acima dos valores humanos e ambientais. Usura enquanto primado do dinheiro, sem o qual não há méritos, nem direitos. Usura enquanto direito a usurpar aquilo que se não semeou.
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R E S T O U - M E
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Restou-me, doutros tempos, o sentido
Que faz acreditar que a realidade
Encontra sempre um fundo de verdade,
Naquilo que se diz p'ra ser ouvido.
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Restou-me, doutras vidas, o cuidado
De nunca crer em tudo o que se diz,
Buscando, desses ditos, a raiz
P'ra não julgar ninguém de modo errado.
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Do tempo, que se escoa agora, apenas
Se deve acreditar que a humanidade
Se não afundará na insanidade;
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E crer que as coisas grandes, e as pequenas,
Embora muitas vezes não pareça,
Farão valer que a vida se mereça.

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Vítor Cintra
No livro: Entre o Longe e o Distante

terça-feira, outubro 13, 2009

Aconteceu Poesia


Na apresentação dos livros "Entre o Longe e o Distante" de Vítor Cintra e "Coimbra ao som da água" de Xavier Zarco, estavam na mesa (da direita para a esquerda) os poetas: Paulo Afonso Ramos, Xavier Zarco, Vera Sousa e Silva, Vítor Cintra e António MR Martins.
Antes da apresentação, porém, aconteceu Poesia.
O poeta Ricardo Durão, durante cerca de duas horas, prendeu a plateia, dando voz a poemas de Florbela Espanca, José Régio, Sofia de Mello Breyner, Fernando Pessoa, Bocage, Miguel Torga, Drumond de Andrade e outros.
Outros, poetas e não só, se seguiram, dizendo Poesia, numa tertúlia bastante aplaudida, que se deseja ver repetida.
A todos os que nos honraram com a sua presença, nesta apresentação, partilhando connosco um momento, sempre tão importante, como é a apresentação de um livro, um abraço reconhecido.

(imagem da plateia)

quarta-feira, outubro 07, 2009

POESIA - Tertúlia seguida de Apresentação

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A Temas Originais tem o prazer de o convidar a estar presente na 1.ª Tertúlia "Temas Originais", a ter lugar no Auditório do Campo Grande, 56, Lisboa, no próximo dia 10 de Outubro, pelas 15:00. Este evento contará com a presença especial do poeta e declamador Roberto Durão.

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Os autores, Vítor Cintra e Xavier Zarco , e a Temas Originais têm o prazer de o convidar a estar presente na sessão de lançamento dos livros “Entre o Longe e o Distante” e “Coimbra ao som da água”, a ter lugar no Auditório do Campo Grande, 56, Lisboa, no próximo dia 10 de Outubro, pelas 18:00. Obras e autores serão apresentados pelos poetas Paulo Afonso Ramos e António MR Martins, respectivamente.
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ENTRADA LIVRE

quinta-feira, outubro 01, 2009

LEGISLATIVAS - O festim dos... vilões(?)

(imagem recolhida na internet)
No rescaldo das eleições legislativas é impossível não constatar o óbvio. E o óbvio é a estrondosa vitória de todos os partidos. Tão óbvio que, desde 1975, assim é.
E não se julgue que, os lideres dos partidos, ao cantarem vitória, estão a ser exagerados. Nada disso! Todos eles têm razões para cantar vitória. É bem peculiar esta "demokratia" de compadres.
Analisemos os seguintes indicadores:
Total de eleitores .. 9.337.314 = 100%
Total de mandatos ...... 240 = 100% (tantos?!... porquê e para quê?)
Resultados, depois de gastos centenas de milhares de € que, directa ou indirectamente, serão pagos pelos contribuintes (mesmo por aqueles que não acreditam nas lérias dos charlatães):
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Partidos .........Votantes .. % Real .... % Reclamada
- PS ...............2.068.665 = 22,16% ........ 36,56%
- PSD ............ 1.646.097 = 17,63% ........ 29,09%
- CDS-PP........... 592.064 = .6,34% ........ 10,46%
- BE ................ 557.109 = 5,97% .......... 9,85%
- CDU...............446.174 = .4,78% ......... 7,88%
- PCTP/MRPP ...... 52.633 = 0,56% ......... 0,93%
- MEP ............... 25.338 = 0,27% ......... 0,45%
- PND ............... 21.380 =. 0,23% ........ 0,38%
- MMS .............. 16.580 = 0,29% ........ 0,18%
- PPM .............. 14.997 = 0,16% ......... 0,27%
- MPT-PH .......... 12.025 =. 0,12% ........ 0,21%
- PNR .............. 11.614 =. 0,12% ........ 0,21%
- PPV ............... 8.485 =. 0,09% ........ 0,15%
- PTP ............... 4.789 = 0,05% ........ 0,08%
- POUS ............. 4.320 = 0,05% ........ 0,08%
- MPT ............... 3.241 = 0,04% ........ 0,06%
Abstenções .3.678.536 = 39,39% ...... 0,00% (porquê ?)
Brancos ........... 98.993 = 1,06% ........1,75%
Nulos .............. 74.274 = 0,79% ........1,31%
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100% eleitores = 9.337.314 = 240 mandatos
39,39% eleitores = 3.678.536 = 95 mandatos - usurpados pelos partidos.
Porque não haveriam todos eles de arengar vitória se todos eles vão abocanhar uma fatia para as respectivas clientelas?
Em resumo: 95 fregueses, durante 4 anos, vão indevidamente parasitar-nos.
E indevidamente porquê?...
1º/ Porque se os correspondentes eleitores viraram costas a esta palhaçada é porque os partidos não tiveram capacidade para os mobilizar;
2º/ Se esses eleitores não quiseram votar em ninguém para os representar como é que esses 95 seus representantes se dizem eleitos?
3º/ Se é dispensável o voto desses eleitores para distribuição dos mandatos então deverá subentender-se que só não somos todos dispensados, para que se possa continuar a ludibriar os "inocentes" acenando-lhes a bandeira da DEMOCRACIA.
Mas será que alguém ainda pensa que a DEMOCRACIA se resume ao acto de meter um papelinho numa urna, mantendo esse acto divorciado dos direitos de cidadania, como são o direito à JUSTIÇA, o direito à SAÚDE, o direito à EDUCAÇÃO, o direito à SEGURANÇA, etc., num estado onde todos são iguais e onde não há priviligiados (os políticos) e saqueados (o povo)?
O espectáculo final deste ridículo capítulo vai acontecer, com a pompa e circunstância habituais (à conta do erário público, claro), numa tomada de posse dos novos... legisladores(?)
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L E G I S L A D O R E S
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Sem terem lugar's marcados,
Sentaram-se os deputados
Nos bancos do Parlamento
E, só depois de sentados,
Descobrem que estão trocados
Os bancos de seu assento.
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Confusos, em desalinho,
Procuram tomar caminho
Dos grupos parlamentares,
Mas nem um deles sozinho
Consegue, no burburinho,
Saber onde estão seus pares.
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Vão altas as gritarias.
«Despejem as galerias!»
É ordem que se ouve então;
Que nunca tais arrelias
Demonstrem o quão vazias
As mentes, eleitas, são.
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Palavras de desconcerto
Protestam do desacerto,
Que reina pela bancada,
Até que o Santos, - esperto -,
Arbitra o debate aberto
Das vozes que dizem nada.
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Vítor Cintra
No livro: DIVAGANDO