sexta-feira, fevereiro 27, 2009

BRASÍLIA - Superior Tribunal de Justiça

«SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - BRASÍLIA
Por publicação no Diário Oficial desta data, o processo de
Flavia entrou em pauta de julgamento para o próximo dia 03 de março, perante a Quarta Turma do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, em Brasilia, sob a relatoria do Ministro CARLOS FERNANDO MATHIAS, o primeiro a votar. Na sequência, a ordem de julgamento é a seguinte: Ministros Fernando Gonçalves, Aldyr Passarinho Jr, J.O. de Noronha e L.F. Salomão.
Estarei informando aos leitores do blog de Flavia sobre os passos deste julgamento, há tantos anos aguardado.
E por favor, leiam também os comentários deixados neste post. É a demonstração da enorme solidariedade recebida do Brasil e de outros países, dos que acompanham a história de Flavia e minha luta por justiça para minha filha
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Com a nota acima, Odele , incansável na sua demanda por justiça para a filha, dá-nos conta de que, decorrida mais de uma década, a Justiça brasileira vai finalmente acordar da sua dormência.
Esperemos que os senhores juízes saibam ver que justiça, a verdadeira JUSTIÇA, é muito mais do que cingirem-se simplesmente à letra da lei já que esta, necessariamente genérica e limitada, não pode, em rigor, quantificar a dimensão de um crime de irresponsabilidade, que priva uma criança de viver, condenando-a perpetuamente ao "coma".
Este artigo é, não mais, do que o meu abraço solidário e a minha forma de dizer-te que, por esse mundo além, muita gente está contigo, Odele.
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E M.. T I
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Em ti se engrandece a vida!
Em ti se repete o mundo
E, num confronto fecundo,
Em ti começa a subida.
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Em ti se repete a esp'rança!
Em ti se vive o futuro
E, num impulso seguro,
Em ti se faz a mudança.
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Em ti a paz acontece,
Com grande sagacidade
E toda a tranquilidade.
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Em ti a luz aparece,
Em cada olhar, cada gesto,
Por mais que seja modesto.
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Vítor Cintra
No livro: DIVAGANDO

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

CRISE - Consequência da desumanidade

(imagem recolhida na internet)
A crise actual afecta toda a população mundial. Mas não atinge todos de igual forma. É muito mais grave nos países pobres.
Tomemos como exemplo o caso da alimentação no mundo.
Nos países mais ricos, os gastos com alimentação podem somar 20% do rendimento das famílias. Nos mais pobres, porém, especialmente na América Latina, na Ásia e em África, a sobrevivência alimentar exige até 80% dos recursos das populações.
Se, nos países ocidentais, perante a escalada dos preços, para minimizar as consequências da crise, as pessoas mudam alguns dos seus hábitos, num esforço de contenção das despesas, já nos países mais pobres não há hábitos que se possam alterar e a subida do preço dos alimentos, nomeadamente dos cereais, afecta directamente os estomagos e a saúde das populações.
Muitos economistas apontam diversos factores como responsáveis pelo agudizar da crise alimentar no mundo. Alguns referem o aumento dos preços dos combustíveis e a instabilidade dos mercados, por agravarem os custos de produção, transportes, sementes, adubos, rações, etc., como responsáveis pela crise. Outros, assinalam a diminuição dos fundos aplicados no desenvolvimento da agricultura como o factor com maiores responsabilidades. Alguns outros, contudo, atribuem a escassez à opção de afectar grandes extenções de terras, à produção de cereais para a produção de biocombustíveis em vez de as destinar à produção de alimentos.
Certamente que todos eles terão alguma razão, mas a falta de alimentos é consequência, especialmente da má distribuição dos bens que a terra produz.
De acordo com a FAO produzem-se anualmente alimentos suficientes para alimentar o dobro da população actual. Mas enquanto alguns países vivem na abundância e desperdiçam até os bens que têm, outros vivem na penúria.
Tomemos como exemplo o caso da Inglaterra:
Os ingleses deitam fora, anualmente, cerca de 12 milhões de euros em alimentos bons. Diariamente são lançados nos contentores britânicos mais de um milhão de iogurtes, mais de 650 mil ovos e 550 mil frangos, perto de dois milhões de bananas, mais de quatro milhões de maçãs.
(Fonte de informação: África Gonzalez/Fernando Félix)

Mais do que desperdício trata-se de imoralidade.

A N T Í T E S E

Quando o rico diz ao pobre:
"Não há nada que me sobre!"
Fala a voz da avareza
Companheira da riqueza.
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Mas o pobre pensa e diz:
"Com bem pouco sou feliz!"
Fala apenas como sente,
Pensa só no seu presente.

Falam coisas bem diversas,
Neste tipo de conversas,
Mas nenhum o compreende;
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Pensa o pobre nas migalhas,
Fala o rico em vitualhas.
Este mundo não se entende.

Vítor Cintra
No livro: ECOS

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

DARFUR - Limpeza Étnica

(imagem recolhida na internet)

Nyala é uma cidade que ultrapassa já o milhão de habitantes e continua a crescer. O seu desenvolvimento, que se iniciou em 1960 com a chegada da rede ferroviária, continuou com a construção do aeroporto e o serviço aéreo assegurado por diversas companhias sudanesas.
Só que esse progresso não inclui os Fur, povo autóctone da região, cuja aniquilação total poderá, a qualquer momento, transformar-se em realidade, por maldade e cobardia de pessoas que, sem escrúpulos, se impõem como senhores da vida e morte de outros.
Fontes credíveis afirmam que, no cerne do conflito do Darfur, está a determinação da pureza da raça árabe levada ao extremo do exclusivismo, e cuja consequência é a prática duma «limpeza étnica» que visa eliminar as tribos de origem africana: os Fur, os Massalite e os Zaghaua, com os seus múltiplos subgrupos.
O conflito do Darfur não é mais do que um fenómeno de racismo fundamentalista cuja primeira e maior responsabilidade é atribuída a Omar El Bachir, presidente do Sudão.

(Fonte de informação: Revista Além-Mar)

Perante tal genocídio tornou-se terrivelmente ensurdecedor o silêncio do mundo, a começar pelas Nações Unidas. Porquê?... Indiferença ou receio de melindrar os árabes?
Se, na terra dos Fur, estivessem em causa matérias primas estratégicas, será que a indiferença seria a mesma?
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E S P E R A N Ç A
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Eu sinto que ao cantar esta balada
Um sonho d' esperança me ilumina,
Nas vozes que murmuram, em surdina:
"A paz há-de chegar co' a madrugada!"
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São vozes de crianças, onde o medo
Cavou a noite escura do terror;
Unidas, por carência dum amor,
Partilham, em comum, o seu segredo.
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Distantes das questões que não entendem,
Dos ódios, das disputas, do rancor,
Que, sem qualquer razão, lhes causam dor;
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Mãos dadas, num carinho que defendem,
São elas que farão que, no futuro,
O mundo possa ser bem mais seguro.
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Vítor Cintra
No livro: DESABAFOS

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

MIMOS e DESAFIOS

Esta semana foi farta em "MIMOS".
A amiga ROSA SILVESTRE entendeu brindar-me com o selo "Amigos Infonautas", que acima vos reproduzo, e distinguir-me ainda com o "TROFEU PEDAGOGIA DO AFETO". Honram-me estas distinções, especialmente por virem de alguém cujo trabalho muito admiro.
Difícil é exprimir em palavras o meu reconhecimento por estas distinções.
* * * * * * *
Entretanto, recebi da amiga ANA MARTINS um convite ou desafio, a que não soube resistir. Baseia-se nos pressupostos seguintes:

1 - agarrar o livro mais próximo;
2 - abrir na página 161;
3 - procurar a 6ª frase;
4 - colocar a frase completa no blogue;
5 - produzir um texto a partir dessa frase;
6 - repassar a "tarefa" para 5 pessoas.

O livro que estou a ler, intitula-se "O CANTO DA MISSÃO" de "John Le Carré", da Editora "Dom Quixote".
Na sexta frase, da página 161, lê-se: «É tão raro que, em comparação, os diamantes são pedras da rua.»

O texto que se segue é a minha participação, ou resposta ao desafio.

São, apenas, traços de um percurso que se fez lado a lado, caldeados numa receita tão simples quanto única, assim resumida:
"À confiança, soma-se uma boa dose de compreensão, adiciona-se lealdade, espírito de sacrifício quanto baste, solidariedade, partilha de bons e maus momentos, firmeza de convicções e muito respeito."
Mistura-se e deixa-se amadurecer. O resultado é espantoso.
Quando a mistura é bem feita «É tão raro que, em comparação, os diamantes são pedras da rua.»
Chamamos-lhe AMIZADE.
Só um sentimento é capaz de destruí-la.

D E S L E A L D A D E

Se alguma coisa boa co' a idade,
A vida, dalguns homens, demonstrou
Foi sempre que o valor duma amizade
Não cessa se o desprezo o não manchou.

Mas se, por egoísmo, sobrepões
Acima do dever de lealdade
Interesses mesquinhos, ou questões
Que ferem, por cinismo, ou por vaidade,

É tão sentida a mágoa, que se gera,
A dor, que faz crescer desilusão,
Por ver deslealdade sem razão,

Que nunca mais se aceita, ou se tolera,
Quem não se arrependeu, por abrir mão
Dum velho e bom amigo, como irmão.

Vítor Cintra
No livro: AFAGOS

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Para que a minha parte fique concluída resta-me, apenas, nomear os cinco amigos a quem passo o DESAFIO.

CRIANCICES
PEQUENOS PASSOS
PALAVRAS SOLTAS
LIVROS E AUTORES
FERNANDA & POEMAS

Estes amigos, conjuntamente com AVE SEM ASAS são os meus nomeados como "Amigos Infonautas".
O "Troféu Pedagogia do Afeto" dedico-o a todos aqueles que por aqui passam.

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

SINTRA - Um paraíso sem idade

Sintra foi, de facto, habitada desde o Paleolítico Médio (Idade da Pedra Lascada). Existem vestígios do Neolítico aos Calcolíticos (Idades dos Metais) e Idades do Bronze e do Ferro.
Por Sintra passaram Túrdulos, Celtas, Romanos, Bárbaros, Gregos e Muçulmanos.
Por influência grega, no séc.VI, a serra era denominada por "Promontório das Serpentes". Mais tarde, sob o domínio romano, passou a ser chamada "Promontório Maior" ou "Olissiponense". Monte Sagrado e Monte da Lua são outras designações atribuidas a Sintra.
O toponímio "Sintra", cuja versão documental mais antiga é Suntria, poderá ser originário do indoeuropeu "sun", Sol. O nome de Sintra estará sempre associado aos cultos ancestrais, praticados em rituais ao sol e à lua. Durante a ocupação moura, Sintra caiu várias vezes nas mãos de Cristãos, como: Fernando Magno, Afonso VI de Castela, o nórdico Sigurd, antes de ter sido conquistada por D.Afonso Henriques, em 1147, alguns dias após a reconquista de Lisboa. Foi D. Afonso Henriques quem lhe concedeu foral em 1154, que D.Sancho I confirmou. Em 1514, D.Manuel outorgou-lhe nova carta de foral.
Foi em Sintra que nasceu e morreu D.Afonso V.
No Paço Real, D.Afonso VI esteve cativo, à ordem de seu irmão D. Pedro. No mesmo local onde séculos antes D.Manuel I assistiu à partida das caravelas que haveriam de descobrir o Brasil, foi construído, por D. Fernando, o Palácio da Pena, onde residiu o último rei de Portugal, D.Manuel II.
A Vila foi desde cedo local de veraneio da Casa Real Portuguesa e por lá passaram grandes vultos da História e Cultura Nacionais, e não só, como: D.João de Castro, D.Álvaro de Castro, Francisco de Holanda, D.Jerónimo Contador de Argote, Alfredo Keill, Viana da Mota, Leal da Câmara, Ferreira de Castro, Frederico de Freitas, Luis de Camões, Almeida Garrett, Eça de Queiróz, Lord Byron, William Beckford e muitos outros.
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S I N T R A
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Sintra, vila pitoresca,
Calma e doce, verde, linda,
Onde, filhas da floresta,
Em regatos de água fresca,
Brincam ninfas, hoje ainda.
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Ninfas essas que os poetas
Já cantaram, em poemas
Às amantes mais secretas.
- Rimas breves, indiscretas,
De paixões pouco serenas. -
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Sintra, serra que é da lua,
Onde em certa madrugada,
Só, dançando pela rua,
- Diz-nos a lenda que nua -
Anda uma moira encantada.
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Há mistério nessa lenda.
Um mistério que perdura
E que Sintra não desvenda.
Sem que alguém o compreenda,
Só a vê quem a procura.
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Vítor Cintra
No livro: MEMÓRIAS