Resgate dos Combatentes Esquecidos

Este é um espaço de análise e opinião. Da minha análise sobre factos e coisas do dia a dia, e da opinião que à cerca delas vou construindo. Sobre o que escrevo, muitos dos que me lerem estarão de acordo e muitos outros discordarão. Não há mal nenhum nisso. Assim uns e outros saibam respeitar a opinião contrária.
O que nos motiva a juntar o nosso protesto a tantos outros, contra uma «JUSTIÇA(?)» inoperante e insensível, é constatar que os seus agentes parecem ficar indiferentes à enormidade da injustiça que, por ganância ou incúria, privou esta menina duma vida que deveria ter-se traduzido:
- Numa meninice feliz, vivida em convívio pleno com os seus entes queridos...
- Numa juventude alegre, normal, com tempos para estudar, dançar, rir, chorar...
- Num futuro que lhe permitisse conhecer amigos, namorar, casar, ter filhos, abraçar uma profissão, viajar...
Em vez disso, a sua Mãe, teve que vê-la crescer mergulhada num coma que as reduziu - a ambas - a um dia a dia de interdependência...
Não mais viveu a alegria de receber da mão da sua filha uma flor, no dia dedicado às mães...
Ficou privada da possibilidade de escutar da sua menina, aquele pequeno, grande, segredo de ser mulherzinha...
Não poude escutar-lhe as confidências de adolescente, nem secar-lhe as primeiras lágrimas dum desgosto de amor...
Cabe perguntar: E o direito à JUSTIÇA, se não passa de ficção, onde ficou?
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A CRIANÇA E A FLOR
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Uma criança que passa
De calção, bibe e sacola,
Com uma flor desenrola
Uma conversa com graça:
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- Porque sorris tu, ó flor?...
- O sol beijou-me ao de leve,
e fez-me abrir, para em breve,
ser uma oferta de amor!...
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- Porque perguntas, criança?
- Por crer que em dia da mãe,
talvez ficasses tu bem
como carinho e lembrança.
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- E porque esperas então?
De mão tremendo, estendida,
Vê-se a criança, em seguida,
Colhê-la, bem junto ao chão.
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Vítor Cintra
Do livro: HORIZONTES