2007 - Bom Ano Novo
Chega ao fim o ano de 2006. Longe de mim a ideia de fazer um balanço do que foi este sexto ano do século XXI. Afinal foi um ano como tantos outros. Houve algumas coisas boas, naturalmente, e muitas outras menos boas, certamente mais do que as desejáveis.
Infelizmente o mundo assistiu, em 2006, ao multiplicar dos conflitos, ao crescimento da pobreza, à vulgarização da imoralidade, à repetição da desvergonha dos políticos, ao aumento dos casos de maus tratos, abusos e exploração de crianças, à hegemonia dos corruptos, ao domínio do crime.
Que 2007 possa vir a ser chamado o ano da transição. Que, durante ele, os povos encontrem a paz, que a fraternidade se imponha, que a solidariedade deixe de ser uma palavra oca, esgrimida pelos políticos, para se tornar no gesto de amor de que os pobres, os doentes, os desprotegidos e os que são vítimas de infortúnio carecem. Que seja, especialmente, o ano em que as crianças, em todo o mundo, encontrem nos adultos a protecção, ternura e respeito que a sua fragilidade requere.
Que 2007 seja também, para todos vós, amigos, o ano das vossas melhores realizações.
P E N A S
Sobre os ombros a sacola,
No caminho para a escola,
Empurrada pelo vento,
Enterrados, os pezinhos,
Nos lameiros dos caminhos,
Passo a passo, num tormento.
Tiritando, com o frio,
Vai olhando para o rio,
Que rouqueja com fragor;
Com coragem de criança
Vence o medo e lá avança,
Mas no rosto lê-se a dor.
Vítor Cintra
No livro: ECOS