GIL EANES

(Imagem recolhida na internet)
No fim do século XIV, o conhecimento que se tinha do mundo, da sua grandeza, diversidade e extensão não ia além de cerca de um quarto da sua dimensão.
Dizia-se... constava... pensava-se... mas os horizontes desse imaginário eram, apesar de tudo, muito limitados e, ainda assim, povoados de monstros, animais fantásticos e perigos terríveis.
No início do século XV, dois homens, João Gonçalves Zarco e Gonçalo Velho Cabral, fidalgos da casa do Infante D. Henrique, tornaram-se a alavanca que impulsionaria o Infante a abraçar, como razão de vida, a epopeia dos Descobrimentos. O primeiro, ao descobrir as ilhas de Porto Santo e da Madeira, o segundo, descobrindo as de Santa Maria e São Miguel, nos Açores.
Gil Eanes, porém, escudeiro de sua casa, a quem o Infante D. Henrique, enviou, mar a dentro, rumo ao sul, tornou-se, ao passar além do Cabo Bojador, vencendo o terror misterioso que este pormontório inspirava, o primeiro grande navegador, o que abriu horizontes, derrubou mitos e superstições. Pode dizer-se que, com ele, se iniciaram as grandes viagens e descobertas dos anos - mais de um século - que se seguiram.
MARINHEIRO
Com a loucura, cega, do gigante
Desafiado nos covis secretos,
A tempestade cresce e num instante
Mistura chuva, raios, preces, credos.
O mar, rugindo louco, em sintonia,
Agride, sem descanso, altos rochedos,
E ao largo, prolongando a agonia,
Brinca com homens, barcos, vidas, medos.
É hora da verdade! E se alguém teme
A força e o furor dos elementos,
É, creio, o arrojado marinheiro;
Mas firme, mãos crispadas sobre o leme,
Rezando, ou praguejando os seus tormentos,
Defende, corajoso, o seu veleiro.
Vítor Cintra
No livro: DISPERSOS