quarta-feira, novembro 28, 2007

A Roda dos Enjeitados

(imagem recolhida na internet)

Com maior frequência do que alguma vez será possível aceitar - quaisquer que sejam as razões que lhes estejam subjacentes - sabemos de casos de recém-nascidos abandonados, quando não mesmo assassinados, por quem os gerou. Desde sanitários de locais públicos, até contentores de lixo, a desumanidade repete-se e atinge proporções irracionais.
Durante séculos, muitos países - entre os quais Portugal - encontraram na "Roda dos Enjeitados" uma forma de salvar inocentes. Até que, no século XIX, num cinismo inqualificável, os políticos entenderam decretar o fim da "Roda dos Enjeitados" sob a puritana argumentação de que tal figura era imprópria e incompatível com uma sociedade pretensamente evoluída.
Como se, por decreto, todos os problemas ficassem resolvidos. Hoje, contudo, muitos países, assumindo com dignidade o erro desse aberrante entendimento, souberam retroceder. Mas, enquanto a Europa avança, com soluções que garantam o direito à vida, como na Bélgica, por cá o obscurantismo alargou-se.
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A B A N D O N A D O
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Deixado ao abandono pela mãe
Por ser de nascimento indesejado,
Lutou contra o destino e foi alguém
Ilustre, com valor, bem educado..

Sabendo que a revolta não se esgota,
Enquanto se não pode perdoar,
Pautou a vida toda numa nota:
"Que Mãe é sempre, e só, quem sabe amar".
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Amou, como ninguém, quem o criou,
Dizendo, sempre em tom de brincadeira:
"Nasci, mas fui gerado em chocadeira!"
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Passados muitos anos, já avô,
Lamenta essa mulher - com certa dor -
Que, tendo um filho, não lhe deu amor.
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Vítor Cintra
No livro: À DISTÂNCIA

sábado, novembro 24, 2007

Diz que até não é um mau Blog ...

Esta gentileza, foi-me atribuída, no dia 21 de Novembro, pela Isabel Filipe . Obrigado Isabel, honras-me por ser este o teu parecer.

E agora ...., aqui vai o protocolo da coisa ...
1. Este prémio deve ser atribuído aos blogs que consideras serem bons. Entende-se como bom os blogs que costumas visitar regularmente e onde deixas comentários.
2. Só e somente se recebeste o prémio “Diz que até não é um mau blog”, deves escrever um post:
- Indicando a pessoa que te deu o prémio com um link para o respectivo blog;
- A tag do prémio;
- As regras;
- E a indicação de outros 7 blogs para receberem o prémio.
3. Deves exibir orgulhosamente a tag do prémio no teu blog, de preferência com um link para o post em que falas dele.
4. (Opcional) Se quiseres fazer publicidade à criatura com demasiado tempo livre para gastar em parvoíces, e que teve a ideia de inventar este prémio, ou seja – Skynet, podes fazê-lo no post que ele fica agradecido :)
E agora as minhas escolhas:

Aromas de Portugal

Criancices

Flávia Vivendo em Coma

Alma de Poeta

Fernanda e Poemas

Again and again for you and me

segunda-feira, novembro 19, 2007

FLÁVIA - O direito à justiça

Recupero hoje o artigo que publiquei em 10 de Abril último. E faço-o para manifestar o quanto me é grato constatar que a mobilização de amigos que juntam a sua voz de indignação à de Odele, não pára de crescer.
Esta é - atrevo-me a afirmar - uma das mais belas formas de solidariedade que a blogosfera pode partilhar: O PROTESTO CONTRA A INJUSTIÇA.



"Flavia segue em coma. E a Justiça brasileira também."
(Recolhido no blog: Flávia, vivendo em coma...)
Assim ecoa o grito de indignação de uma mãe (veja aqui) que, cuidando da sua filha - em coma há já nove anos - reclama por uma justiça que tarda.
São assim as mães. Presentes, protectoras, carinhosas. Grandes no seu amor. Enormes!


ÀS MÃES
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A mãe é p'ra cada um
O maior ser, de excepção,
Com lugar no coração,
Mais sagrado que nenhum.
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A mãe é, por mil razões,
O padrão do Universo,
Mesmo quando controverso
Seu saber e decisões.
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São angústias que supera,
Desencantos, mágoas, vícios,
P'lo carinho que nos tem.
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Desde o ventre, que nos gera,
Não se poupa a sacrifícios,
Porque mãe, é sempre MÃE.
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Vítor Cintra
No livro: ECOS

segunda-feira, novembro 12, 2007

Quando a gula fala...

(imagem recolhida na internet)

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Correu mundo a reacção de indignação do rei de Espanha, no Chile, insurgindo-se contra a repetida e injuriosa acusação de Hugo Chaves a José Maria Asnar.
É conhecida a afabilidade e correcção de D. Juan Carlos. Como também é sobejamente conhecida a impertinência e arrogância do sr. Chaves.
Independentemente das simpatias, há que convir que injuriar quem não está presente e não se pode defender é, em qualquer tempo e circunstância, de uma falta de ética sem tamanho.
Convenhamos também que usar um areópago internacional para - ao invés de se preocupar em contribuir para a procura de soluções que amenizem as muitas carências que afligem o seu próprio país - vir dar largas à sua mesqinhez e frustração, revela uma limitada mentalidade de soalheiro.
Porém, por cá há quem venha a terreiro bradar contra o rei de Espanha. Se bem que,
vindo de quem vem, somos levados a perguntar se o peso do subsolo venezuelano não acabará por despenhar algum avião, como sucedeu com o peso do subsolo das Lundas.
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M E S Q U I N H E Z
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Anda a "máscara do siso"
À procura de razão
P'ra chagar o meu juízo,
Ou dos outros que cá estão.
E - sem ser por brincadeira -
Vai achar uma maneira.
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Mas, se alguém quer apostar
- Não importa o que se aposte -
Que uma bronca vai 'stoirar,
Quer se goste ou se não goste,
Pois que o faça. Na certeza
Da razão ser de pobreza.

De pobreza d'argumento
Ou motivo, se invocado,
Sem qualquer descernimento
Entre o certo e o errado.
Tem que haver é discussão,
Pouco importa ter razão.
Vítor Cintra
No livro: CONTRASTES

sábado, novembro 03, 2007

Gaspar Corte Real

(Monumento a Gaspar Corte Real em S. John na Terra Nova)
Embora muitos dados biográficos sejam incertos, julga-se que Gaspar Corte Real nasceu por volta de 1450, na cidade de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira. Filho do navegador João Vaz Corte Real, com quem terá começado a percorrer os mares, ele e o seu irmão Miguel, serão talvez os únicos grandes navegadores portugueses, oriundos dos Açores.
Provavelmente em 1500, realizou uma primeira viagem de descoberta de sua própria iniciativa. Não sendo claro qual foi o destino, tudo leva a crer que se tenha dirigido para ocidente. Em Outubro de 1501, iniciou uma segunda viagem para ocidente, desta feita acompanhado do seu irmão Miguel. Contornando as costas do Lavrador, penetraram na foz do rio Hamilton, seguindo para a Terra Nova. Aí se separaram os dois irmãos, regressando Miguel a Lisboa, a dar novas da viagem, enquanto Gaspar continuava a expedição. Só que desta não é conhecido ao certo o destino.
Julga-se que terá naufragado. Da embarcação em que seguia não houve notícia. Seu irmão Miguel partiu em busca dele, mas não conseguiu encontrá-lo.
Apesar da escassez de dados documentais, presume-se que numa das suas viagens Gaspar Corte Real encontrou a península da Florida, território que actualmente integra os Estados Unidos da América, atingindo também o Canadá. Segundo alguns investigadores, na sua outra viagem, Corte Real terá começado por explorar o extremo meridional da Gronelândia, dobrando o Cabo Farewell e seguindo a costa até ao que hoje se chama Estreito de Davis.
(Fonte de informação: Grande História Universal)
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R E L A T O
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Dos que deixàmos lá não tenho pena,
Mas sim dos que voltaram co' o vazio
Na alma, que o desgosto fez pequena,
Por conta dum passado negro, frio.
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A vós, senhor meu rei, direi ainda,
Que os mortos vos honraram, p'lo fervor
Das lutas que travaram, onde finda
O mundo e a coragem tem valor.
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É vosso o novo mundo, onde chegàmos,
Tal como o grande mar, que navegàmos
Em vossas naus, e fé na Mãe de Deus;
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Mas vossos são também os nossos lutos
P'la morte desses homens resolutos
Perdidos de si próprios e dos seus.
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Vítor Cintra
No livro: MURMÚRIOS